Os consumidores que mais pediram crédito nos bancos entre janeiro e fevereiro deste ano pertencem ao grupo de jovens adultos da periferia, um dos principais protagonistas da ascensão da nova classe média no país.
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São pessoas que se inseriram no mercado de consumo parcelando compras por meio de cartão de crédito, crediário e outras formas de parcelamento que sofrem o impacto da alta de juros.
Os dados fazem parte de levantamento da Serasa Experian, que considerou 11 grupos da sociedade, agrupados no estudo Mosaic Brasil a partir de 400 variáveis que consideram desde estilo de vida até comportamento de consumo e financeiro.
Dos consumidores que buscaram crédito entre os dias 6 de janeiro e 6 de fevereiro de 2015, 17,6% estão no grupo jovens de periferia, formado em sua maior parte por adultos de 21 a 35 anos, na maior parte solteiros e com baixa escolaridade.
"Esse grupo entrou mais recentemente no mercado de crédito, ainda não teve oportunidade de se educar financeiramente e têm mais dificuldade para sair de situações de endividamento", diz Juliana Azuma, superintendente da Serasa Experian.
Dados de dezembro de 2014 mostraram que, de cem consumidores que estão no grupo jovens adultos de periferia, somente 37 conseguiram se livrar de dívidas e recuperar o acesso ao crédito.
Em segundo lugar nos que mais demandaram créditos, estão os que pertencem ao grupo adultos urbanos estabelecidos (17%) --consumidores entre 30 e 60 anos, com renda estável e emprego com carteira assinada. Eles usam o crédito para complementar o poder de compra de bens e serviços e, dessa forma, conquistar produtos que desejam.
Com a alta da inflação e juros, podem ter complicações financeiras e a busca de mais crédito pode ser uma forma de resolver o endividamento.
De acordo com a Serasa, outro grupo importante que demandou crédito no início deste ano é o chamado de massa trabalhadora urbana (14,6% do total solicitado de crédito).
Esse grupo de consumidores já havia ocupado o segundo lugar no ranking de segmentos com alto grau de endividamento. São em sua maior parte moradores de favelas, com baixa escolaridade e que trabalham com carteira assinada, mas em funções de menor qualificação e salários mais baixos.
Também estão no grupo massa trabalhadora urbana pessoas que se beneficiam de políticas de distribuição de renda e erradicação da pobreza.
"São consumidores com acesso facilitado ao crédito, mas que passam por uma fase de adaptação a essa realidade. Muitos se complicaram e já contraíram dívidas e estão aprendendo a negociar e evitar excessos", diz a superintendente.
'ARMADILHA FINANCEIRA'
Para o consultor Roberto Luís Troster, economista especialista em bancos, o crédito novo para o consumo tem sido muito baixo. "As pessoas estão vivendo em uma espécie de armadilha financeira. Com juros elevados, os consumidores acabam recorrendo a mais crédito para continuar pagando [dívidas especialmente no cartão de crédito]."
O quarto grupo que mais buscou crédito é o denominado donos de negócio (10,2%). São em sua maior parte pequenos e médios empresários, com idade entre 25 e 55 anos, que investiram em um negócio próprio por opção.
A demanda por crédito de uma forma geral caiu em fevereiro pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, segundo dados do indicador Serasa da demanda do consumidor por crédito. O recuou em fevereiro foi de 10,7% na comparação com o mês anterior (fevereiro de 2015 ante janeiro de 2015). Em janeiro, a queda já havia sido de 2,5% ante o mês de dezembro de 2014.