A retração na economia levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisar para baixo as estimativas para 2015. Segundo o relatório trimestral Informe Conjuntural, divulgado nesta terça (14), a entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) caia 1,2% e que a atividade industrial recue 3,4% neste ano.
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A queda na indústria será puxada pela construção civil, que deverá recuar 5,5% e pela indústria de transformação, cuja produção deverá cair 4,4%. Os serviços industriais de utilidade pública, que englobam o fornecimento de energia elétrica e água, deverão encerrar o ano com queda de 2,8%.
A queda na atividade industrial, somada ao recuo esperado de 0,6% no consumo das famílias, fará o setor de serviços cair 0,4% em 2015, tendo a primeira queda em mais de duas décadas. De acordo com a CNI, o único segmento da economia a não ter desempenho negativo este ano será a agropecuária, mas a expansão será apenas 0,5%.
Em razão do fraco desempenho da economia, a entidade aumentou para 6,7% a taxa média de desemprego em 2015. Em dezembro do ano passado, a CNI projetava crescimento de 1% do PIB, alta de 1% na produção industrial e crescimento de 0,7% no consumo das famílias. A projeção para a taxa de desemprego estava em 5,2%.
Segundo o gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco, a deterioração do quadro econômico foi mais intensa do que se percebia no fim do ano passado, afetando a confiança do empresário industrial e desestimulando os investimentos privados na economia. De acordo com o relatório, a formação bruta de capital fixo, que mede os investimentos, deverá cair 6,2% em 2015, contra estimativa de variação zero divulgada em dezembro.
“A inflação se elevou, com recomposição de tarifas públicas. A deterioração também atingiu as contas externas. Nesse ambiente, a confiança do empresário industrial se retraiu, no nível mais baixo desde o fim da década de 1990”, explicou. Ele citou ainda fatores não econômicos que afetaram a economia, como os escândalos na Petrobras. “Houve problemas na principal empresa brasileira, que reduziu o programa de investimentos e afetou toda uma cadeia de fornecedores”, acrescentou.
Para Castelo Branco, embora necessário, o ajuste econômico implementado neste ano agravará a economia no curto prazo por causa da redução do gasto público, do aumento de tributos e do reajuste de preços administrados, como energia e combustíveis. Ele, no entanto, defendeu que a correção de rumos na economia brasileira não se dê apenas pelo lado fiscal e monetário.
“Existe um esforço do lado fiscal, mas ele não deveria responder por todo o ajuste. Nossa posição é que tenhamos agenda positiva para retomada do crescimento, com medidas pró-competitividade”, declarou.