A caderneta de poupança, principal fonte de recursos para habitação, deverá perder cerca de R$ 50 bilhões em recursos neste ano, comprometendo os desembolsos para o crédito imobiliário, afirmou Octavio de Lazari, presidente da Abecip (Associação das Empresas de Crédito Imobiliário). De janeiro a abril, a caderneta já perdeu R$ 29,2 bilhões.
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Segunte Lazari, os recursos da poupança já estão comprometidos em alguns bancos, mas várias instituições financeiras ainda têm dinheiro suficiente para atender à demanda de seus clientes neste ano. O executivo não detalhou quais bancos estão em situação mais delicada.
A previsão inicial da Abecip era que o SFH (Sistema Financeiro da Habitação) financiasse R$ 100 bilhões em imóveis neste ano, praticamente o mesmo volume do ano passado. O volume pode ficar abaixo dependendo das dificuldades dos bancos em captar recursos, além da demanda fraca e do desaquecimento do setor imobiliário neste ano.
Para contornar o problema, a associação defende que o governo libere pelo menos 5% do empréstimo compulsório da poupança, o que poderia trazer mais R$ 25 bilhões em recursos para o setor. Hoje, 65% dos recursos da poupança são direcionados para o crédito imobiliário e 30% são recolhidos como depósito compulsório com rendimento pela poupança (6,17% mais a Taxa Referencial).
Além do compulsório, a Abecip defende que o governo complemente os recursos da poupança com mais R$ 25 bilhões de recursos do FGTS, que hoje é voltado para financiar a habitação popular em imóveis de até R$ 190 mil. A associação defende que o valor suba para R$ 300 mil.
Como solução duradoura para financiar a habitação, a Abecip pede que o CMN (Conselho Monetário Nacional) regulamente a chamada LIG (Letra Imobiliária Garantida), uma espécie de CDB imobiliário inspirado nos covereds bonds europeus com garantia dos imóveis financiados. O papel é o principal financiador da habitação na Europa.
A LIG foi aprovada pelo governo há dois anos, terá isenção fiscal completa, mas até hoje não saiu do papel. Na visão da Abecip, no entanto, a viabilidade de captação por meio de LIG hoje é dificultada pela alta taxa de juros do mercado.
Com os juros do governo em 13,25%, o papel interessaria ao investidor com taxas a partir de 15% ao ano, o que inviabiliza a captação para as construtoras. A expectativa é que o título se torne uma importante fonte de financiamento para o setor quando as taxas voltarem a ficar na casa de 7,25%, mínimo histórico dos juros atingido em 2012.