O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse no início da tarde desta sexta-feira (22) que a política fiscal mais restritiva adotada pelo governo vai facilitar o trabalho da autoridade monetária de reduzir a inflação de volta ao centro da meta, de 4,5% ao ano, até dezembro do ano que vem.
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"A politica fiscal consistente, implementada com rigor ao longo do tempo, favorece inclusive o trabalho do Banco Central de atingir a meta de inflação. Uma política fiscal criteriosa, consistente e bem ajustada certamente vai ajudar o país a recuperar o crescimento sustentável", disse Tombini.
O governo deve anunciar na tarde desta sexta-feira um corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento deste ano, incluindo áreas como educação, segundo apurou a reportagem. Mais cedo, a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, disse que o corte mostrava "coragem política".
O presidente do BC disse que está "totalmente comprometido em levar a inflação para o centro da meta de 4,5% em dezembro de 2016". Ele afirmou que a missão da autoridade monetária é evitar que a pressão dos preços de curto prazo, provocada pelo aumento de preços administradores (como energia elétrica) e o câmbio, se prolongue até 2018.
"Temos visto progressos em relação às expectativas de inflação. Esse progresso é bem-vindo, mas não é suficiente para atingir a meta de 4,5% em 2016", disse Tombini, sinalizando que os juros básicos da economia, a Selic, podem subir mais na próxima reunião da autoridade monetária, em 2 e 3 de junho..
Nesta sexta-feira (22), o IBGE informou que o IPCA-15, a prévia da inflação oficial brasileira, acumulou alta de 8,24% nos últimos 12 meses, encerrados em maio. Foi a maior variação para essa taxa desde janeiro de 2004.
Tombini fez o discurso de encerramento do 17º seminário de metas de inflação do Banco Central, nesta sexta em um hotel em Copacabana, zona sul do Rio.
CRESCIMENTO
Para o presidente do BC, a economia brasileira passa este ano por um período de "transição", uma expressão bastante usada por ele e pelo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para se referiram à retirada de estímulos econômicos, cortes no orçamento e avanço dos preços administrados da economia.
"Embora contracionistas de curto prazo, esses ajustes quando tiverem efeito, vamos testemunhar a recuperação de confiança dos consumidores e empresários", disse Tombini.
Ele prevê um desempenho fraco da economia no primeiro semestre deste ano, com as famílias consumindo menos e os investimentos em queda. E uma "ligeira melhora" na economia no segundo semestre deste ano.