Com a inflação galopante e o mercado de trabalho desfavorável para negociações salariais, o rendimento real dos trabalhadores teve uma queda de 3,5% em agosto deste ano frente ao mesmo mês do ano passado, a sétima seguida.
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O rendimento real -que já desconta a inflação- recuou de R$ 2.264,62 em agosto do ano passado para R$ 2.185,50 em agosto deste ano, uma perda de R$ 79,12, informou o IBGE na manhã desta quinta-feira (24).
Trata-se da maior queda percentual do rendimento dos trabalhadores, para meses de agosto, desde 2002 (-13,12%).
"A queda do emprego com carteira assinada piora a negociação de aumento salarial dos empregos que permaneceram", disse Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
Essa queda da renda se refere à média das seis principais regiões metropolitanas. Separadamente, quatro delas tiveram quedas: Belo Horizonte (-7,2%), São Paulo (-5,7%), Recife (-5,5%) e Porto Alegre (-2,1%).
Em Salvador e no Rio o rendimento ficou estável, aumentando a diferença para as demais regiões metropolitanas do país. O carioca segue com o maior salário: R$ 2.568,40, seguido pelos paulistanos (R$ 2.223,90).
Segundo Azeredo, a queda do rendimento real em Belo Horizonte foi puxado pela queda de praticamente todos os setores. "Único que não teve a renda reduzida foi o doméstico, porque é indexado ao salário", disse Azeredo.
A profissão com maior perda proporcional de renda foi a construção, com queda de 6,4% menores do que em agosto do ano passado. A renda do trabalhador do setor encolheu de R$ 2.054,30 para R$ R$ 1.922,90.
A queda da renda também foi forte no comércio, de 5,9% frente a agosto do ano passado. O rendimento real passou de R$ 1.809,05 para R$ 1.702,40, segundo a pesquisa divulgada pelo IBGE nesta quinta.
Vale lembrar que a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) acompanha as seis principais regiões metropolitanas do país, que representam 28% da força de trabalho nacional. São 44 mil domicílios visitados todo mês.
Na passagem de julho para agosto, o rendimento dos trabalhadores teve pequeno aumento de 0,5%, de R$ 2.174,49 para R$ 2.185,50. Esse crescimento na margem estaria ligado ao aumento na construção (puxado pelo Rio de Janeiro) e outros serviços.