O BNDES indicou para uma vaga no conselho fiscal de uma empresa de mineração o irmão do ministro petista Ricardo Berzoini (Comunicações). O banco de fomento estatal afirma que a indicação foi técnica. Para deputados da oposição que integram a CPI do BNDES, indicações como essa são políticas.
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Roberto Berzoini está no conselho fiscal da Cadam, empresa do ramo de minerais não metálicos sediada em Belém (PA), desde junho de 2008. A empresa não informa quanto Roberto ganha, por considerar a informação de "caráter pessoal".
Detentor de ações da empresa, o BNDES tinha direito de indicar um representante para o conselho fiscal. Poderia ser um funcionário de carreira da própria instituição, como é mais usual, ou algum especialista externo.
O banco de fomento, porém, abriu mão de escolher um nome e acatou uma indicação do Banco do Brasil, que também é acionista da Cadam e já tinha indicado outro nome para preencher sua cota no conselho fiscal da empresa do Pará.
Roberto Berzoini era funcionário de carreira do Banco do Brasil à época hoje ele está aposentado e, segundo as duas instituições bancárias, era um nome técnico sintonizado com os interesses dos dois bancos.
Segundo as instituições, a indicação não feriu normas internas nem a legislação. Quando Roberto foi indicado, em 2008, seu irmão era presidente nacional do PT.
O caso veio à tona na CPI do BNDES, instalada na Câmara para investigar operações do banco realizadas de 2003 a 2015, nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
'Mesmo que não seja ilegal, é inadequado, porque gera suspeições de toda a ordem", diz o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), um dos integrantes da CPI.
"Isso demonstra o enraizamento da presença do PT nas ações tanto governamentais como privadas. Você usa relações partidárias para indicar pessoas para cargos que possam exercer algum tipo de influência", afirma.
OUTRO LADO
O BNDES afirmou à reportagem que "acompanhou a recomendação feita pelo Banco do Brasil [...] tendo em vista o histórico de atuação conjunta e o alinhamento de interesses de BNDES e BB em relação ao ativo".
O BB informou que a indicação foi técnica. "O Sr. Roberto trabalhou no banco por 31 anos, tendo desempenhado diversas funções gerenciais, entre elas o cargo de gerente-executivo da Diretoria de Logística."
Em nota, a Cadam afirmou que Berzoini "atua de forma eficiente, estando presente em todas as reuniões do conselho fiscal desde 2008, demonstrando ter conhecimento técnico suficiente para ocupar a função".
A reportagem não conseguiu entrar em contato com Roberto Berzoini.
