Leia Também
A recessão vai corroer um pedaço razoável da economia brasileira até 2016 e a recuperação só virá muito lentamente a partir do ano seguinte. Mesmo com essa esperada reação, a atividade não crescerá como nos anos recentes e o Brasil deve girar a um ritmo anual abaixo de 2% até 2020. A aposta consta de relatório sobre as perspectivas da economia global divulgado pelo alemão Deutsche Bank aos jornalistas na tarde desta quarta-feira (9).
De acordo com as previsões feitas pelos economistas da casa, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá terminar o com contração de 3,7% em 2015. A recessão deve continuar em 2016, quando a economia deve diminuir de tamanho em 2,4%. A lenta recuperação só virá a partir de 2017, quando o País deve crescer modesto 1%. A partir daí, porém, o Brasil não vai colocar o pé no acelerador O Deutsche aposta que o PIB brasileiro manterá ritmo modesto com expansão de 1,9% em 2018, 1,7% em 2019 e 1,6% em 2020. Ou seja, até o fim da década o Brasil terá crescimento inferior a 2%.
Os analistas explicam o pessimismo com o Brasil pelos problemas de curto prazo. "A demanda externa que deve continuar fraca, baixos preços das commodities e investimento deprimido" fazem parte do cenário enfrentado pelo Brasil e demais países da América Latina, diz o banco alemão. No caso brasileiro, o problema é potencializado pela "ajuste fiscal desordenado" que está sendo executado pela equipe econômica.
Para piorar o quadro, o Deutsche nota que a instabilidade política deve continuar servindo como um peso ao atrasar o ajuste fiscal, o que atrapalha a recuperação da economia. "Foi anunciado um justificado ajuste fiscal e medidas estão sendo tomadas para restabelecer a credibilidade tão necessária, mas a convicção e a força para apoiar essas políticas da presidente Dilma Rousseff permanecem como grandes pontos de interrogação", dizem os analistas do Deutsche.
Por isso, o banco alemão classifica o ajuste fiscal em curso como "caótico". "Economias fracas também tiveram exacerbados os déficits do setor público e o melhor exemplo é o ajuste fiscal caótico que o Brasil está tentando adotar desde a reeleição presidencial no fim de 2014", citam os analistas. Assim, a casa avalia que "a dinâmica da divida está se tornando frágil no Brasil".
No documento, os economistas da casa também atualizam a previsão para a inflação no Brasil. Os analistas esperam alta dos preços ao consumidor de 9% em 2015 e 8,5% em 2016 - o que mostra que a inflação deve estourar o limite aceitável da meta de inflação nos dois anos. O índice só desaceleraria para 6,2% em 2017, mesmo assim acima do centro da meta de 4,5%.