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A Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) reviu suas projeções e agora estima que a economia brasileira terá contração de 3,5% este ano, seguida de recessão de 2% em 2016. Em julho, a estimativa é que o PIB encolheria apenas 1,5% este ano. Segundo o órgão da ONU, a recessão é provocada por uma forte queda nos investimentos e o menor consumo das famílias.
A Cepal lembra que a presidente Dilma Rousseff alterou a direção de política econômica no seu segundo mandato, para tentar retomar o superávit primário e controlar a expansão da dívida pública. "Entretanto, o Congresso realizou uma ampla revisão de várias propostas do governo, como a abrangência e início das medidas de ajuste, e ainda não se pronunciou sobre outras ações", aponta o relatório.
O texto explica que a forte contração na atividade afetou a arrecadação e o governo ainda teve de lidar com os passivos não contabilizados com os bancos públicos - as chamadas pedaladas fiscais - que equivalem a mais de 1% do PIB. "Devido aos menores níveis de produção, vendas, emprego, salários, importações e operações de crédito, a estrutura tributária registrou uma queda de arrecadação que alcançou 5,4% em termos reais entre janeiro e outubro."
No âmbito da política monetária, a Cepal lembra que o Banco Central subiu os juros de 11,75% para o nível atual de 14,25%. Além disso, os bancos se tornaram mais seletivos na liberação de crédito. "Diferentemente de 2014, os bancos públicos não adotaram medidas contracíclicas em 2015 e acompanharam os bancos privados com uma menor expansão das suas operações de crédito."
A Cepal aponta que para 2016 o governo tenta ressuscitar a CPMF e está implementando uma reforma administrativa para diminuir os gastos correntes, além de ter postergado o reajuste dos servidores públicos.
"As dificuldades no cenário político, a incerteza sobre a implementação de medidas fiscais, o reduzido impacto da política monetária na inflação, junto com a volatilidade cambial e a falta de dinamismo do comércio exterior, compõem um ambiente difícil para a tomada de decisões, tanto por parte dos investidores como dos consumidores", diz a entidade.