Viagem

Dólar caro incentiva turismo nacional

Apesar de a procura por destinos domésticos já ser predominante de dezembro a fevereiro, a alta da moeda americana aumentou o interesse por viagens em solo brasileiro

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 31/01/2016 às 11:37
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Apesar de a procura por destinos domésticos já ser predominante de dezembro a fevereiro, a alta da moeda americana aumentou o interesse por viagens em solo brasileiro - FOTO: Foto: Guga Matos / JC Imagem
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Com a disparada do dólar, o turismo nacional ganhou fôlego no último trimestre do ano passado e vem atraindo mais turistas na alta temporada de 2016. Apesar de a procura por destinos domésticos já ser predominante de dezembro a fevereiro, a alta da moeda americana, que avançou 54% em um ano, aumentou o interesse por viagens em solo brasileiro.

"Estamos com uma demanda de 70% por destinos locais e 30% para o exterior nessa temporada", diz Marcos Balsamão, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens de São Paulo. "Na temporada passada, essa proporção estava mais equilibrada: cerca de 50% nacional e 50% internacional."

Segundo a associação, entre os principais destinos estão as cidades do Nordeste - como Fortaleza, Maceió e Recife -, Florianópolis e o litoral paulista.

Segundo Boletim de Intenção de Viagem do Ministério do Turismo realizado em dezembro, o desejo de visitar destinos domésticos nos próximos seis meses foi o mais alto dos últimos dez anos para o mês. Entre os entrevistados, 86,4% afirmam ter preferência por destinos nacionais, ante 80,2% em dezembro de 2014.

Na CVC, a demanda de pacotes para viagens nacionais passou de 60% para 65%. "A nossa alta temporada já é muito forte no âmbito nacional, pois o brasileiro prefere calor", afirma Emerson Belan, diretor de vendas da CVC. "Já nos preparando para essa temporada e levando em conta o momento que o Brasil atravessa, colocamos à disposição mais de mil voos fretados, 50% a mais do que na última temporada", diz.

No Decolar.com, em 2015, 70% das reservas de hotéis foram para destinos domésticos, ante 65% no ano anterior. Fortaleza foi a cidade com mais buscas em dezembro. A desvalorização do real também atraiu mais turistas latino-americanos para o País, sobretudo os argentinos. Em janeiro, os vizinhos procuraram como destino o Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Búzios e Natal.

Na agência Stella Barros, houve um crescimento de 15% na venda de roteiros nacionais em relação ao início de 2015. Os destinos mais buscados para o verão foram resorts no Nordeste. A procura por destinos nas regiões Sudeste e Sul também cresceu, já que muitos brasileiros têm optado por economizar na passagem aérea e buscado opções em que possam se locomover de carro.

O desejo de aproveitar o fim de ano e as férias dentro do território nacional também pode ser observado nas escolhas de casas para alugar - modalidade que vem ganhando espaço nos últimos tempos. Na plataforma Airbnb, o número de reservas de brasileiros para destinos domésticos no Ano Novo cresceu 200% em relação ao ano passado. Já as reservas fora do País avançaram 60%.

"O potencial turístico do Brasil é muito absurdo, então o brasileiro está de descobrindo uma nova maneira de viajar que cabe no bolso dele", afirma Leonardo Tristão. "Certamente a crise e a desvalorização do real contribuíram para isso."

Troca - Com a retração econômica e a desvalorização do real, muitos brasileiros optaram por mudar o destino das férias. Pablo Resende, de 36 anos, planejava ir à Europa, num roteiro por Espanha, Portugal e Itália. "Por causa do euro, decidi fazer um cruzeiro pelo litoral brasileiro." Apesar de a viagem ser cotada em dólar, ele consegui um câmbio congelado de R$ 2,99.

Com o cruzeiro e uma outra viagem pelo litoral, Pablo vai desembolsar por volta de R$ 3,5 mil no total. "Se eu fosse para a Europa, gastaria pelo menos R$ 10 mil", diz. "A minha expectativa é de que, no segundo semestre, eu consiga um câmbio mais atrativo para ir à Europa. Caso contrário, a viagem que duraria 20 dias vai para 10." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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