FINANÇAS

Pequenos investidores: como aplicar em 2016?

Analistas recomendam conservadorismo, mas ressaltam que poupança pode ser a pior aplicação

Emídia Felipe
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Emídia Felipe
Publicado em 31/01/2016 às 18:00
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Ainda que o País esteja vendo os números da inadimplência galoparem – já são mais de 59 milhões de devedores – também são muitos os brasileiros que têm dinheiro guardado e querem investir. Um dos sinais é o aumento da procura pelo Tesouro Direto, canal de vendas de títulos públicos que movimentou somente em dezembro do ano passado R$ 25,6 bilhões, 67,8% a mais do que no mesmo mês de 2014. Com as perspectivas de a economia continuar em águas turbulentas este ano, a dica dos especialistas para pequenos investidores é fugir da poupança, mas procurar aplicações conservadoras.

“O perfil conservador vai ficar mais atraente do que nunca. Estamos muito cautelosos com a Bolsa”, comenta a o analista Leonardo Bivar, da Finacap. Ele lembra que entramos em 2016 com diversos desafios políticos e econômicos que ganharam força ao longo de 2015 e não devem ser resolvidos logo, como retração de investimentos, alta do dólar e desemprego. O analista Thiago Onofre, da Multinvest Capital, reforça a preocupação com o cenário econômico e o impacto disso nos juros e, consequentemente, no mercado financeiro. “O conselho que eu dou é manter posições sóbrias, sem muito risco”, frisa Thiago.

Mas esse conservadorismo não deve ir ao extremo da poupança, aplicação que completou 155 anos e que viu a maior fuga de recursos da sua história em 2015, quando foram sacados R$ 53 bilhões. Isso porque, nesse cenário de juros altos, ela pode ser a pior opção. “A poupança rendeu menos do que a inflação, então não é que você deixou de ganhar. Você literalmente perdeu dinheiro”, lembra Bivar. Thiago Onofre pontua que, além dela, outra aplicação historicamente conservadora deve ser revista: imóveis. “A subida dos preços dos imóveis foi uma barbaridade. Era de se esperar que isso se ajustasse e agora o mercado está em baixa, frustrando quem quer comprar pensando em aluguel”.

Para eles, entre as melhores alternativas, estão títulos de renda fixa de prazos mais curtos. Para quem tem até R$ 50 mil para aplicar, os títulos do governo negociados via Tesouro Direto foram os mais citados. Embora haja cobrança de taxa de administração e incidência de Imposto de Renda, a rentabilidade de uma carteira bem equilibrada pode cobrir esse custo e sair com larga vantagem sobre a poupança. Estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que, com a Selic (taxa básica de juros) a 14,25%, a caderneta perde para quaisquer fundos de renda fixa com taxa de administração de até 2% ao ano, seja qual for o prazo. Nesse mesmo levantamento, há títulos que geram rendimentos de 10% já sem IR e taxas, por exemplo, enquanto a poupança rende 7,44% em um ano.

Sócio da Allux Investimentos, Alexandre Sandoval alerta que qualquer pessoa que for investir, ainda que quantias pequenas, precisa estudar para entender melhor como o dinheiro vai render. Embora concorde que a renda fixa será a linha mais procurada este ano, devido ao baixo risco combinado com juros altos, ele lembra que mesmo essas aplicações merecem atenção. “Cada produto tem seu risco e suas características e até mesmo produtos de renda fixa poderão trazer perdas, mas muita gente não tem conhecimento deste detalhe”, avisa. Ele ressalta que o mercado de investimentos se baseia no tripé risco, rentabilidade e liquidez. “O investidor nunca terá o melhor dos três no mesmo produto, sempre abrirá mão de um para ter a vantagem dos outros dois. Por exemplo, se ele deseja um produto rentável e seguro terá que abrir mão da liquidez; se deseja um produto líquido e seguro terá que abrir mão da rentabilidade”, orienta.

No quadro abaixo, Leonardo Bivar, da Finacap, fez uma simulação de carteiras de investimentos baseadas em valores de R$ 5 mil a R$ 50 mil – embora para o Tesouro Direto seja possível investir a partir de R$ 30. Thiago Onofre, da Multinvest, e Alexandre Sandoval acrescentam que outros papéis também podem entrar nas opções. É o caso do Fundos Referenciados DI, atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que acompanham os juros de mercado; e das Debêntures Incentivadas, títulos de crédito emitidos por empresas cuja rentabilidade é isenta de Imposto de Renda.

Os especialistas lembram ainda que é preciso estar atento às taxas cobradas pela corretora ou banco, se incide IR e se há carência para resgate, além de dar preferência aos investimentos cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante recuperação de créditos em caso de falência, insolvência ou liquidação extrajudicial para valores abaixo de R$ 250 mil.

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