A revisão do rating do Brasil também levou em conta o enfraquecimento do perfil financeiro da Petrobras, afirmou em teleconferência nesta quinta-feira (18) a diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor's (S&P), Lisa Schineller. Apesar da preocupação com a petroleira, a S&P vê "probabilidade muito alta" de o governo socorrer financeiramente a companhia no caso de necessidade de recursos.
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"Esperamos que o governo esteja lá, forneça ajuda extraordinária caso a Petrobras precise", disse Lisa. A diretora da S&P ressaltou que a agência de classificação de risco mudou ontem a avaliação que faz dos passivos contingentes do setor financeiro brasileiro e de todas as entidades públicas não financeiras brasileiras (incluindo a Petrobras) como "moderados". Essa mudança foi puxada pela piora da dívida da Petrobras, que equivale a 7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Lisa explicou que com essa revisão dos passivos contingentes, por causa da Petrobras, e com os déficits do governo e a dívida líquida na média de 7% e 60% do PIB, respectivamente, durante 2016/2018, a S&P acredita que não há mais flexibilidade de política suficiente para que a agência de classificação de risco possa distinguir os ratings em moeda local e os ratings em moeda estrangeira do País. Por isso, as duas notas foram rebaixadas ontem para o mesmo nível "BB".
Bancos
Questionada durante da teleconferência sobre a situação dos bancos brasileiros, Lisa frisou que os bancos pequenos e médios já têm ratings mais baixos e estão em situação mais vulnerável. Para o sistema como um todo, a previsão é que a desaceleração do crédito continue e que a inadimplência possa aumentar.
Sobre o crédito, Lisa ressaltou a intenção do governo de estimular os empréstimos, mas ela não acredita que há muito apetite do setor privado por recursos dos bancos neste momento. É uma questão, disse ela, de demanda.