CRISE

Dívida pública pode chegar a 88% do PIB brasileiro em 2018

A dívida pública tem inércia que vai persistir nos próximos anos. Quanto mais o governo demorar para abordar o tema do ajuste fiscal, mais difícil será

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 08/05/2016 às 18:40
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
A dívida pública tem inércia que vai persistir nos próximos anos. Quanto mais o governo demorar para abordar o tema do ajuste fiscal, mais difícil será - FOTO: Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Leitura:

A dinâmica da dívida pública do País é comparável ao Titanic e pode saltar dos 60% do Produto Interno Bruto (PIB) atualmente para 88% do PIB em 2018 se nada for feito, de acordo com o economista-chefe do Santander, Maurício Molan. "Cabe muito bem a metáfora do Titanic. O iceberg está lá na frente. A dívida pública tem inércia que vai persistir nos próximos anos. Quanto mais o governo demorar para abordar o tema do ajuste fiscal, mais difícil será. O perigo é real e imediato", destacou ele, em reunião com analistas e investidores.

O economista-chefe do Santander disse ainda que sem iniciativas mais fortes em relação à dívida pública, não haverá retomada de confiança e de investimentos no País. O ajuste fiscal é importante, segundo Molan, para que a dívida pública volte à trajetória de estabilização ou até mesmo de queda. Ele acrescentou, contudo, que é necessário aumento de carga tributária para isso, e que há no ambiente atual um "otimismo" em relação à capacidade e vontade do governo de adotar medidas que devem ficar mais claras até o mês que vem.

Dentre os aspectos positivos que citou, Molan mencionou o fluxo de capital acima de US$ 1 trilhão destinado aos mercados emergentes. Para o Brasil ter acesso, conforme ele, basta que faça um "mínimo" de lição de casa, de garantia, redução de risco

Molan comemorou ainda o fato de a inflação estar em queda e mencionou a possibilidade da redução de juros como consequência. "É questão de tempo para o mercado esperar inflação de 5% para 2017", afirmou Molan.

O Santander espera que a inflação feche 2016 em 7%, chegando a 6% em 2017. Para a Selic, o banco prevê taxa de 13,00% ao ano neste exercício e de 11,50% no ano que vem. Já o PIB do País deve recuar 3,6% neste ano, mas pode já inverter o sinal no segundo semestre e crescer 1,2% em 2017. Para o câmbio, o Santander espera R$ 4,10 neste ano e R$ 4,20 no próximo exercício.

"Já vemos reversão das expectativas do mercado, valorização da bolsa e queda dos prêmios de risco. A mudança de rumo na política econômica terá impacto benefício sobre as expectativas. Existem fundamentos bons no longo prazo. Podemos ter dados melhores para PIB e juros muito mais baixos no ano que vem, e também queda da inflação, dependendo das medidas a serem adotadas", avaliou Molan. "Existem riscos, mas caminhamos para uma mudança", acrescentou.

Últimas notícias