O presidente da Petrobras, Pedro Parente, informou nesta quinta (2) que seguirá com o plano de desinvestimentos (venda de ativos) da companhia e anunciou que manterá a atual diretoria da empresa.
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De acordo com Parente, esse tipo de plano vem sendo adotado por diversas companhias pelo mundo e é fundamental para reforçar o caixa da estatal e reduzir a dívida. “A busca por uma relação adequada entre a dívida e o capital da companhia permanecerá como uma obsessão da direção da empresa”, disse no discurso na cerimônia de transmissão de cargo, na sede da Petrobras, no centro do Rio.
Para melhorar o desempenho da companhia, Parente destacou que é preciso nova governança corporativa para recuperar a credibilidade da empresa, o resgate da responsabilidade econômica,financeira e social da Petrobras e o fortalecimento da gestão de riscos, que inclui imagem, mercado de crédito e atenção redobrada para segurança operacional e socioambientais.
DIRETORIA
Depois da cerimônia, Parente anunciou, em entrevista coletiva, que toda a diretoria da empresa será mantida e que o trabalho será em conjunto. Ao classificar de "belíssima diretoria", Parente disse que a equipe vem fazendo um trabalho importante desde fevereiro do ano passado. “Fizemos juntos este discurso assim como o professor Nélson [Luiz Nélson Guedes de Carvalho- presidente do Conselho de Administração] também em nome do conselho. Fizemos juntos e procuramos trabalhar de uma maneira que pudesse expressar o ponto de vista da empresa exatamente pelos seus corpos diretivos”, destacou.
Críticas
Em resposta às críticas encaminhadas por entidades representantes dos petroleiros ao Conselho de Administração da Petrobras sobre sua atuação na crise energética em 2001, Parente afirmou que foi aprovado no teste de integridade feito pela empresa para novos diretores.
As entidades argumentam que a Petrobras sofreu prejuízos naquele ano quando foi determinado o uso de termelétricas durante a crise de energia, que ficou conhecida como apagão. Na ocasião, Parente coordenou as ações do governo de Fernando Henrique Cardoso contra a crise.
“Eu soube da resistência de uma das entidades sindicais, mas para mim o que é chave foi o que eu disse no meu discurso. Esse é um momento de reconstrução da empresa e o que fiz no discurso foi chamá-los para um diálogo desde que estejam imbuídos com o mesmo propósito, a partir do Conselho de Administração, da diretoria. Acredito, da imensa maioria dos colaboradores que é reconstruir, resgatar esta empresa. Essa empresa precisa ser resgatada. Se eles tiverem com este espírito, não teremos nenhum problema em dialogar”, completou.
O presidente do conselho, Luiz Nélson Guedes de Carvalho, disse que não foi encaminhada uma resposta formal aos representantes dos petroleiros. “Muito me alegra saber que os petroleiros estão preocupados com os prejuízos da Petrobras. Se eles tivessem este espírito há mais tempo talvez não teríamos chegado ao ponto que chegamos”.
HOMENAGEM
Durante a cerimônia, Parente destacou que o maior desafio da sua vida é assumir a presidência da Petrobras. O novo presidente homenageou Heraldo Raimundo Pamplona, de 78 anos, o empregado com mais tempo na companhia, e a técnica química de petróleo, Érika Araújo Valoni, filha de petroleiro aposentado e, em 2002, ingressou na empresa, por meio de concurso público, após concluir a faculdade de farmácia.
Heraldo Pamplona trabalha na Petrobras há 58 anos. O primeiro posto foi de estagiário de engenharia, em Belém (PA). Hoje é consultor de engenharia submarina na unidade de Macaé (RJ). Ao contar sua história na empresa, Heraldo disse, emocionado, que a Petrobras é como sua segunda família, disse ter ficou triste com a descoberta de casos de corrupção na companhia, mas demonstrou confiança na recuperação. “Tenho certeza que isso vai acabar. Com essa determinação do presidente pedindo a união de todos, vamos transformar a Petrobras dessas cinzas e reerguê-la novamente”, disse à Agência Brasil.
A técnica Érika Valoni participa atualmente de uma pesquisa de decomposição de garrafas pet, na gerência de Biotecnologia. “Descobri que se fazia pesquisa de verdade, no Brasil, em uma empresa brasileira”, disse, afimando estar satisfeita em trabalhar no Centro de Pesquisas da Petrobras, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio.