Os dados relativos às vendas de maio e abril reforçam a visão sobre a profundidade da crise pela qual passa a economia e aponta para demora da recuperação das vendas apesar de, na margem, haver estabilização de alguns indicadores antecedentes, disse nesta terça-feira (12), o economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti. De acordo como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as vendas do varejo pelo conceito restrito caíram 1% em maio ante abril e o dado de abril foi revisado de uma alta de 0,5% para 0,3%.
Leia Também
"O mercado esperava uma pequena alta", disse Marcela. Ela destaca as informações que dão conta das vendas acumuladas. Pelo IBGE, na comparação com maio de 2015 as vendas caíram 9% em relação a maio do ano passado, acumulou queda de 7,3% no ano e 6,5% em 12 meses. "Gosto de olhar os acumulados, que retiram os efeitos sazonais, mas eles também estão ruins", disse.
Pelo conceito do varejo ampliado, que inclui vendas de automóveis e materiais de construção, a queda foi de 0,4%. Para Marcela, é uma queda menor, mas que sucede recuos maiores nas leituras anteriores.
O único item positivo das vendas de maio é o de artigos farmacêuticos, observou a economista da SPC Brasil. "O resto está caindo muito forte, inclusive os itens de preços menores", disse ao destacar os grupos Vestuário, com queda de 11,4%; móveis e eletrodomésticos, com queda de 15,4%, livros, revistas e jornais, com recuo de 14%, e materiais de escritórios, caindo 12%.
De acordo com a economista, o varejo vai continua negativo e deve fechar o ano em queda. "Embora a economia como um todo deva começar a se estabilizar no segundo semestre, as vendas devem continuar em queda. Só vão se estabilizar quando o mercado de trabalho começar a contratar. E o mercado de trabalho é sempre o último a reagir aos estímulos econômicos, tanto para cima como para baixo", disse a economista. Além disso, mesmo que as vendas venham a estabilizar, o patamar de queda é muito forte, diz ela.
Outro destaque negativo veio do setor de supermercados, que dá a maior contribuição para as vendas quando se cruza a variação com a participação, contribuiu com 2,7 pontos porcentuais na queda das vendas restritas em maio. "As vendas ficaram estagnadas, não caíram tanto, mas a participação deste grupo para o indicador é muito grande", ponderou Marcela. "Isso mostra o quanto estamos no fundo do poço", disse.