O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira (23) após reunião com deputados, que espera que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que cria um teto para o crescimento das despesas, limitado à inflação do ano anterior, seja aprovada ainda este ano. Segundo ele, a PEC é fundamental para recuperar a confiança. Após um café da manhã com parlamentares, o ministro disse que trabalhará junto com o relator da matéria na comissão especial na Câmara, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), para que os aperfeiçoamentos necessários ao projeto inicial sejam concluídos nas próximas semanas. Ele não deu detalhes, no entanto, do que pode mudar na proposta original do governo.
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"A reunião de hoje foi muito produtiva e estamos trabalhando com o relator para aperfeiçoamentos técnicos ao projeto. As discussões estão indo bem e esse trabalho vai demandar mais algumas semanas", disse o ministro. "Nenhuma alteração no projeto foi decidida até agora", completou, ressaltando que o governo não está falando de abri mão de pontos da PEC. "A PEC do teto de gasto não é questionável, discutimos apenas aspectos técnicos", enfatizou. Ele lembrou ainda que uma alteração na Constituição demanda uma discussão legítima com o Congresso.
Meirelles negou que haja uma discussão sobre uma eventual mudança do indexador para o teto de gastos. Segundo ele, o IPCA do ano anterior continua sendo o modelo mais indicado. "Não houve nenhum pedido de mudança ou crítica ao uso do IPCA. Há um consenso de que esse é o melhor indexador", afirmou. O ministro destacou ainda que o uso da inflação do ano anterior é o mais aconselhado porque as projeções para a inflação dentro de um mesmo ano podem ser alteradas. "Usar a inflação do ano anterior é a forma mais realista de aplicar a medida", disse.
O ministro também não comentou sobre uma eventual possibilidade de alteração no prazo de vigência do teto. Originalmente, a proposta do governo contempla uma revisão da medida a partir do 10º ano. "É preciso que o teto valha por um período suficientemente longo para que possa se dar confiança de que as despesas serão controladas. Uma trajetória de redução do endividamento é ponto fundamental do projeto. É a primeira vez em quase três décadas que se faz uma proposta para alterar a dinâmica de crescimento das despesas", completou o ministro.
PLOA
Embora Meirelles tenha repetido que deseja a aprovação da PEC este ano, ele disse que, caso isso não seja possível, também ficaria satisfeito com a aprovação no início de 2017, "o mais rápido possível". Ele lembrou que o projeto de lei orçamentária anual (PLOA) de 2017 já está sendo feito obedecendo o teto de gastos mesmo antes da aprovação da PEC.
O ministro confirmou que o governo vai entregar ao Congresso o PLOA 2017 no dia 31 de agosto, prazo final para envio do projeto ao Legislativo. Segundo ele, as últimas decisões ainda serão tomadas e só então os técnicos do governo formatarão o texto final. Questionado pelos jornalistas, o ministro disse que não há definição ainda sobre o salário mínimo no próximo ano, valendo, portanto, o que havia sido definido pelo governo anterior.
Meirelles disse ainda que um orçamento baseado na proposta de teto para crescimento dos gastos consegue manter os investimentos em saúde e educação. O ministro destacou que, pelos critérios que valem até agora, os gastos com as duas áreas ficam limitados à evolução das receitas, sendo que, em anos de queda no PIB, há redução nesses gastos devido à queda na arrecadação. Já a proposta de teto com base na inflação, defendeu Meirelles, garantiria uma manutenção consistente dos investimentos em saúde e educação.