Embora tenham percebido melhoras pontuais em seus negócios, os executivos das empresas que receberam na quinta-feira (29), o prêmio Estadão Empresas Mais ainda estão esperando sinais mais claros de que o pior momento da crise econômica realmente tenha passado.
Leia Também
- Crédito seca para as microempresas
- Superintendência do Cade pede condenação de empresas de recarga de celular
- Projeto obriga empresas de transporte coletivo a oferecer internet sem fio
- Empresas poderão entrar na Justiça contra Fundo de Equilíbrio Fiscal
- Saldo de empresas ativas no País recuou 4,6% em 2014 ante 2013, diz IBGE
Para Harry Schmelzer Jr., presidente da Weg, está claro que o ambiente de negócios melhorou. "Acho que o astral está um pouco mais positivo", disse. Ele ponderou, no entanto, que o governo Michel Temer não conseguirá aprovar as reformas - que incluem mudanças nas regras para gastos públicos, definição de novas regras para concessões públicas, mudanças na Previdência e na legislação trabalhista - facilmente. "Certamente não será um passeio", explicou. "E acredito que a indústria brasileira deve ser inserida no contexto das concessões."
O presidente da Telefônica Vivo, Amos Genish, lembrou que o setor de telecomunicações viveu sua primeira queda de receita desde a privatização nos anos de 2015 e 2016. Ele disse que a empresa já começou a sentir, em alguns indicadores, as expectativas de melhora do cenário econômico no ano que vem. "Vemos que a virada está chegando, especialmente no que se refere à confiança do consumidor", frisou, lembrando que há economistas prevendo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao redor de 1,7% para 2017.
Já Paulo Nigro, presidente da Aché, descreveu o cenário do início de 2016 como "muito difícil", mas disse esperar um último trimestre melhor. Nigro afirmou estar "otimista" em relação ao próximo ano. Para a companhia, a queda do dólar tem ajudado nos resultados, colaborado significativamente para a redução dos custos da empresa com matéria-prima.
Cautela
O presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, afirmou que o cenário macroeconômico continua desafiador e que, sob o ponto de vista de consumo e vendas, ainda é cedo para saber se o "fundo do poço" já foi alcançado. Apesar disso, o executivo espera uma recuperação trazida pelas compras de fim de ano.
"Ainda não temos uma tendência de recuperação. Precisamos de mais repetições para saber se de fato teremos um ponto de inflexão no desempenho do varejo", explicou.
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) em agosto mostra queda de 5,1% para o varejo, na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. O indicador foi pior que o de julho, quando foi registrada retração de 3,9%. Em junho, porém, o ICVA tinha desacelerado o ritmo de restrição, o que não se confirmou nos dois meses seguintes.
"As pessoas ainda estão com medo de perder seus empregos. Como reflexo disso, reduziram seu endividamento, o uso do cartão de crédito. Mas para que o consumo volte a crescer, é preciso a retomada da confiança", avaliou o presidente da Cielo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.