Cada brasileiro tem contato hoje com mais de seis pessoas que estão desempregadas, entre parentes, amigos e conhecidos. Essa é a maior marca em mais de seis anos, quando a agência de pesquisas Ipsos começou a apurar o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC) a pedido da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em janeiro de 2010.
Leia Também
- Taxa de desemprego fica em 11,6% no trimestre até julho, revela IBGE
- Desempregados buscam emprego na safra de cana-de-açúcar
- País fecha quase 40 mil vagas formais em agosto, mas desemprego desacelera
- Taxa de desemprego sobe a 11,8% no trimestre até agosto
- Desemprego atinge recorde de 12,024 milhões de pessoas
O número de conhecidos desempregados passa de sete entre as classes de menor renda, D e E, e na região Sudeste do País, que concentra boa parte da indústria, que foi muito afetada pela crise. "Esse é o índice de desemprego que o próprio cidadão comum faz", observa o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Ele pondera que o resultado é coerente com o número recorde de desempregados que chega a 12 milhões de trabalhadores no País.
Um resultado tão negativo, que supera de longe o de setembro do ano passado, quando cada cidadão conhecia um pouco mais do que quatro desempregados, mantém a insegurança em relação ao emprego em níveis elevados. De acordo com a pesquisa, que ouviu 1.200 pessoas em todas as regiões do País na primeira quinzena do mês passado, 52% deles se declararam inseguros com o seu emprego e de seus familiares comparado com seis meses atrás. Essa é a mesma marca registrada em agosto deste ano.
Compras
A realidade do desemprego entre amigos e conhecidos e o temor de perder o emprego ampliam a cautela nas intenções de compras. Em setembro, 64% dos entrevistados se declararam pouco à vontade em relação a seis meses atrás de levar para casa produtos de valor elevado, como geladeira, fogão ou lavadora, e 69% não estavam dispostos a assumir financiamentos para adquirir casa ou carro.
A cautela nas compras também apareceu no resultado de vendas de setembro na cidade de São Paulo. No mês passado, entre as consultas para vendas a prazo e à vista, o volume de negócios foi 7,8% menor comparado com o de setembro do ano passado.
Apesar da retração, o economista da ACSP pondera que a queda é menor do que a acumulada no primeiro semestre, de 11,1% , e também a acumulada no ano, de 9,9%. "O ritmo de retração das vendas está se reduzindo mês a mês", observa.
Parte dessa desaceleração ocorre por causa da base de comparação fraca, que é setembro do ano passado. Outra parte ocorre porque, apesar de o cenário atual da economia ainda ser ruim, a confiança do brasileiro está melhorando por conta das expectativas mais favoráveis em relação ao futuro.
No mês passado, o Índice Nacional de Confiança do Consumidor atingiu 74 pontos, com alta de seis pontos em relação a agosto, mas cinco pontos abaixo ante setembro do ano passado. Alfieri ressalta que o indicador varia entre zero e 200 pontos e que abaixo de 100 pontos o terreno ainda é negativo. "Por enquanto o que existe é a expectativa que vai melhorar", diz o economista.