O mercado de milhas geradas por programas de fidelidade viu mais de 50 bilhões de pontos serem expirados ao longo de todo o ano passado. Na prática, usuários de cartão de crédito perderam cerca de R$ 1 bilhão. De olho nas milhagens desperdiçadas todos os dias, cresce um outro mercado, o de compra e venda de pontuações e passagens aéreas, que já movimenta R$ 500 milhões por ano. Desse total, R$ 15 milhões são fruto da atividade da pernambucana Elomilhas, que vê no Nordeste um mercado em ascensão.
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No Brasil, 70% das operações realizadas por empresas intermediárias vêm de clientes das regiões Sul e Sudeste. “Aqui no Nordeste ainda há muita desconfiança sobre isso. Mas, por outro lado, concentramos várias empresas grandes, que resultam em potenciais clientes nossos. Ainda há muito para crescer”, afirma o fundador da Elomilhas, Patrício Silva.
A operação funciona em duas etapas. Primeiro a compra de milhas pela empresa intermediária, que fica com o registro dos pontos das pessoas que não irão usá-los em troca de dinheiro. O valor pago varia de acordo com a oferta e a demanda do mercado – quanto mais pessoas interessadas em vender, menor a recompensa. Com a posse desses pontos, a empresa consegue emitir passagens aéreas por preços mais baixos graças ao desconto proporcionado pelos programas de fidelidade.
A Elomilhas é uma das pioneiras desse mercado, criada em 2011 com um investimento inicial de R$ 1.500. Hoje conta com 40 funcionários e um faturamento de R$ 15 milhões previsto para 2017. “A oportunidade surge a partir da possibilidade de que a pontuação expire ou de não poder usá-la naquele momento”, avalia Silva.
Uma das concorrentes é a mineira Max Milhas, criada em 2013, que atingiu o valor de R$ 100 milhões em emissões de passagens aéreas no ano passado.
REAÇÃO
Apesar desse crescimento no mercado intermediário de compra e venda de milhas, essas operações costumam ser proibidas pelos regulamentos apresentados na adesão aos programas de fidelidade. Segundo nota da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), a comercialização dos pontos “infringe os termos aceitos no momento de adesão e sujeito a ações como cancelamento da emissão de tickets”.
Por outro lado, a validade das milhas – principal motivo que leva as pessoas a procurar empresas de compra e venda – é questionado por diversos órgãos de defesa do consumidor. No ano passado, a associação Proteste chegou a entrar com uma ação civil pública contra itens considerados abusivos nos contratos dos programas de fidelidade, entre eles a validade considerada curta.