Cerca de 3.100 funcionários do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) receberam férias coletivas por conta da falta de matéria-prima para produção. Na manhã desta sexta-feira (1º), foi decidido em assembleia dos trabalhadores que 90% dos funcionários, que já estavam há três dias sem material para trabalhar, passem mais dez dias em recesso. A paralisação foi causada pela falta de insumos básicos que não chegaram ao estaleiro por conta da paralisação nacional dos caminhoneiros, que bloqueou as principais rodovias do País, limitando o fluxo de veículos.
De acordo com Taniele Cavalcanti, Gerente de Recursos Humanos do EAS, os outros 10% estão trabalhando em “caminhos críticos de produção”. Entre os itens escassos estão arames de solda e gás para os equipamentos. A expectativa é de que durante a próxima semana os materiais estejam sendo entregues.
Os funcionários devem retornar no dia 11 de junho, quando se completa o tempo de recesso, incluindo mais um dia por conta do feriado de Corpus Christi, celebrado na quinta-feira (31), que conta como feriado no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, onde o estaleiros está localizado.
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Indústria naval pode sentir impacto da reoneração
O prejuízo diário pela mão de obra parada e falta de faturamento é de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões. “Mas este é o menor impacto que pode acontecer”, diz Taniele. Para acabar com a greve dos caminhoneiros, o governo decidiu baixar R$ 0,46 centavos do diesel, e para compensar o saldo negativo de um lado, foram adotadas outras medidas para recuperar o valor abatido no valor do combustível.
Entre as medidas está a reoneração da folha de pagamento da indústria naval, que foi aprovada em maio pela Câmara dos Deputados. Com a decisão, a cobrança de PIS-Cofins deve ser zerada até o final deste ano. “Se nada mudar, em 90 dias o estaleiro terá um prejuízo de R$ 35 milhões ao ano”, conta a Gerente de RH do estaleiro.
Por conta da sobrecarga e mão de obra mais cara, as indústrias serão obrigadas a demitir funcionários para se recompor do prejuízo. Segundo a gerente, esta ação do governo abre mais espaço para indústrias internacionais, como China, Japão e Coreia, dificultando o crescimento das unidades nacionais. Isso respinga em demissões em massa, refletindo em uma mão de obra 20% mais cara. Ainda segundo Taniele, somente no estado de Pernambuco, é estimado um total de 18 mil funcionários demitidos.
“É como uma roda viva, o governo aumenta a carga tributária para compensar o valor do diesel, mas as empresas não vão suportar e o governo acaba não recebendo a retaliação prevista, por conta da baixa produção”, pontua a funcionária do EAS.