Com as atenções dos investidores totalmente voltadas para o ambiente político interno e ignorando os ventos mais calmos vindos do exterior, o Ibovespa por pouco não fechou abaixo do patamar dos 75 mil pontos. O principal índice da Bolsa brasileira oscilou cerca de 1.400 pontos, chegou a registrar 74 914,79 pontos na mínima intraday, para encerrar o pregão aos 75 180,40 pontos com perda de 1,50%. O giro financeiro chegou a R$ 11,1 bilhões.
Em um dia no qual o estresse com os resultados das pesquisas de intenção de voto - que indicam uma polarização no segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e um candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) - o dólar chegou a R$ 4 e, logo depois, a Bolsa tocou os 74 mil pontos.
Álvaro Bandeira sócio e economista-chefe da Modalmais avalia que Bolsonaro aparece com posição mais consolidada nas pesquisas divulgadas ontem e a leitura é que quem pode estar com ele disputando o segundo turno é Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, vice na chapa petista e eventual candidato no caso da impugnação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ainda é cedo para falar isso, principalmente porque o horário eleitoral gratuito só começa no dia 31", afirma.
Levantamento do Datafolha
A cautela que se viu no mercado acionário local também esteve pautada na divulgação do levantamento do Datafolha, encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo e pela Rede Globo, que deve trazer um cenário com o nome de Lula e outro com o de Haddad. A pesquisa deve ser disponibilizada nas primeiras horas desta quarta-feira, 22. Para especialistas em renda variável, a pesquisa - mais parruda, com 8,3 mil entrevistados - deve confirmar as outras. No último levantamento do instituto, divulgado em 10 de junho, o candidato Bolsonaro liderava no cenário sem o líder petista, com 19%, seguido de Marina Silva, da Rede (14% a 15%), o pedetista Ciro Gomes (10% e 11%) e o tucano Geraldo Alckmin (7%).
Para os próximos pregões, Bandeira, da Modal Mais, avalia que há um ponto de sustentação entre 75 mil e 74,9 mil. Para baixo disso, o Ibovespa pode buscar os 69 mil pontos. No entanto, ele diz não acreditar que a queda seja muito mais acentuada, uma vez que vai ficando muito mais barato para os investidores estrangeiros e isso ameniza a trajetória de queda.