A conclusão total da Ferrovia Transnordestina deve ficar para 2027, dezessete anos após cronograma inicial. A maior obra em andamento de transporte terrestre do País e uma das mais importantes intervenções da história do Nordeste também ficará ainda mais cara: serão necessários R$ 6,3 bilhões adicionais, o que elevará o custo total da obra para R$ 13,2 bilhões.
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Os novos valores e prazos foram formulados pela empresa responsável pelo empreendimento e serão apresentados ao Tribunal de Contas da União (TCU). Por determinação do órgão, as obras estão paradas desde o início de 2017 e, seguindo o novo cronograma, só devem ser retomadas no segundo semestre de 2019.
As mudanças foram apresentadas pela Transnordestina Logística S.A. (TLSA) à comissão da Câmara de Deputados que analisa a situação da obra. A empresa contratou uma consultoria para reafirmar a viabilidade econômica e financeira da ferrovia e validar o projeto executivo – que nunca chegou a ser elaborado.
Seguindo os trâmites legais, a proposta deve ser analisada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e TCU nos próximos meses, permitindo a volta das obras entre agosto e setembro de 2019.
A nova ideia é tratar o empreendimento a partir de quatro “circuitos” comerciais que começarão a operar em sequência e cuja atividade deve ajudar a financiar as demais fases.
A primeira etapa, prevista para ser entregue em dezembro de 2021, mantém o foco no transporte de minério de ferro do Piauí ao Porto de Pecém, no Ceará. Em sequência viria o transporte de grãos também do Piauí a Pecém, depois o transporte de grãos para consumo interno pelo polo avicultor de Pernambuco e, apenas em 2027, a ligação da ferrovia ao Porto de Suape.
PRIORIDADE
Para o primeiro circuito, a TLSA já apresentou parceiros privados interessados em financiar R$ 2,2 bilhões da obra do “L invertido” (trecho de Eliseu Martins a Pecém). Seriam R$ 1,72 bilhão da Sace, agência italiana de crédito, e R$ 500 milhões da mineradora Bemisa. Para a logística da carga da ferrovia para o Porto de Pecém, o interessado seria a Nelog, empresa de logística da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), controladora do consórcio TLSA.
Durante a apresentação, o “L invertido” foi tratado repetidamente como prioridade para a viabilidade financeira do projeto, que ainda não tem parceiros interessados em financiar os trechos mais estratégicos para Pernambuco. Com isso, aumenta o receio do mercado pernambucano de que a ligação com Suape não se concretize. Mesmo com relevância do tema para o Estado, a reunião da comissão externa aconteceu com a participação apenas de deputados do Piauí e do Ceará e nenhum dos cinco parlamentares pernambucanos que integram o grupo de acompanhamento atuou na sabatina.
A apresentação do projeto na Câmara contou com a participação do presidente da TLSA, Jorge Luiz de Mello. Questionado sobre as razões para o atraso e a elevação do custo da obra pelo deputado Júlio Cesar (PSD-PI), Mello respondeu: “Estávamos tocando o projeto como as empresas privadas tocam: assumimos o projeto base e vamos nos adaptando às incertezas. Como houve a conclusão de que é preciso olhar como uma obra pública, então agora estamos fazendo um projeto detalhado”.