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CNC: juros bancários encolhem comércio de varejo em R$ 40,9 bilhões

Estudo da CNC mostra que corte na taxa Selic pouco contribuiu para a queda dos juros ao consumidor entre abril de 2018 e 2019

Da editoria de economia
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Publicado em 29/06/2019 às 8:13
Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem
Estudo da CNC mostra que corte na taxa Selic pouco contribuiu para a queda dos juros ao consumidor entre abril de 2018 e 2019 - FOTO: Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem
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Com empréstimos e financiamentos até 14,7% mais caros, o comércio brasileiro tem sofrido com a queda no consumo. O dado é de um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que avaliou o setor entre abril de 2018 e o mesmo mês deste ano. O levantamento mostra ainda que o seguimento varejista poderia ter vendido R$ 40,9 bilhões a mais nesse período.

O estudo pontua que a postura das instituições financeiras em não repassar integralmente para o consumidor os cortes na taxa básica de juros (Selic) seria a grande vilã dessa queda. Com isso, segundo a CNC, as concessões de crédito teriam crescido nominalmente 18% e não 10,3%, conforme revelam os próprios dados da autoridade monetária.

"A taxa Selic, que é interbancária e usada quando os bancos pegam recursos com o governo, caiu cerca de 54% nesse período do estudo. Mas a taxa para pessoas físicas não caiu na mesma proporção. Se houvesse linearidade, os consumidores poderiam aumentar o poder de compras", explicou o economista da Fecomércio Rafael Ramos.

Setores mais afetados

Por causa dessa conjuntura, setores do comércio que vendem bens mais caros, como o automobilístico e de material de construção vem sofrendo. O comércio de carro teria perdido cerca de R$ 23 bilhões, enquanto o de material de construção deixou de vender R$ 5,8 bi.

"Os juros estão castigando demais. A própria aprovação de crédito está difícil. A cada 15 clientes, consigo aprovar um. Os bancos estão duros na queda", comentou Antônio Selva, presidente da Associação dos revendedores de veículos automotores de Pernambuco (Assovepe).

"Somos uma sociedade consumista que se financia através de crédito, em especial o cartão. As pessoas não analisam juros, elas analisam o valor das parcelas. Se o juros do parcelamento fosse menor, não tenha dúvida que haveria mais consumo", destacou Rafael Ramos. O estudo da CNC destaca que diversos fatores como inadimplência e margem financeira dos bancos ajudam a explicar a evolução dos spreads bancários no Brasil.

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