O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou, na tarde desta terça-feira (20), o lançamento de crédito imobiliário corrigida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. Ele afirmou que a nova linha de crédito imobiliário lançada pelo banco, que será indexada ao IPCA, terá taxas variando de 2,95% a 4,95% ao ano. Horas depois, o Banco do Brasil também seguiu a linha e passa a oferecer taxas de acordo com prazo de financiamento imobiliário. O Bradesco, contudo, disse que pode oferecer crédito imobiliário com IPCA, mas cita riscos.
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Para esses contratos, a atualização monetária será feita por meio do IPCA - e não mais pela Taxa Referencial (TR), utilizada nos contratos mais antigos. Hoje, as taxas dos contratos da Caixa indexados à TR possuem juros variando entre 8,30% e 9,95%, citou Guimarães.
"Vamos manter linhas atuais e vamos oferecer linha nova, com o IPCA", disse Guimarães durante o anúncio. Segundo ele, com a adoção do IPCA, haverá queda de 35% no valor da prestação no caso de um financiamento com taxa mais cara (4,95%). Isso na comparação com os contratos tradicionais, ligados à TR. No caso de contratos com taxa mais barata (2,95%), a queda no valor da prestação foi estimada em 51%.
"Acreditamos que a linha corrigida pelo IPCA é o futuro", disse Guimarães. De acordo com o banco, os contratos com financiamento indexado ao IPCA serão aplicados em novos contratos no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e no Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Os contratos indexados ao IPCA terão prazo de 360 meses e financiamento máximo de 80%.
Novas taxas do Banco do Brasil
O Banco do Brasil anunciou nesta terça-feira novas taxas para financiamento imobiliário, com taxas mais baixas para prazos de financiamento menores. A mudança é válida para as linhas do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Carteira Hipotecária (CH).
Em nota, o banco explica que as taxas de juros passam a considerar o prazo da operação escolhido pelo cliente, ou seja, quanto menor o prazo, menor será a taxa. A menor taxa de financiamento imobiliário no BB, destaca a instituição, passa a ser 7,99% ao ano.
Veja abaixo as novas faixas:
60 meses - taxa a partir de 7,99% a.a. + TR
De 61 a 118 meses - taxa a partir de 8,05% a.a. + TR
De 119 a 178 meses - taxa a partir de 8,10% a.a. + TR
De 179 a 238 meses - taxa a partir de 8,15% a.a.+ TR
De 239 a 298 meses - taxa a partir de 8,24% a.a. +TR
De 299 a 358 meses - taxa a partir de 8,29% a.a. +TR
De 359 a 418 meses - taxa a partir de 8,45% a.a. + TR
O banco lembra que nas linhas SFH e CH, o cliente também conta com os diferenciais de carência de até seis meses e a possibilidade de pular a parcela um mês por ano.
Novas taxas do Bradesco
O diretor executivo e de Relações com Investidores do Bradesco, Leandro Miranda, disse que o banco não teria nenhum problema de oferecer crédito imobiliário com taxas baseadas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência. O problema é se o mutuário gostaria de assumir o risco inflacionário por um período tão longo. A Caixa e o Bradesco brigam pela liderança dos financiamentos imobiliários, segundo o executivo.
Ele questiona se 12 anos atende o cliente, já que o valor da prestação ficaria elevada, e, no caso da oferta de 20, 30 anos, como é mais comum para o crédito imobiliário, o mutuário gostaria de se comprometer com a inflação por um período tão longo. Mesmo no prazo de 12 anos, segundo Miranda, que ainda não havia tomado conhecimento diretamente do anúncio da Caixa, haveria um risco inflacionário que o brasileiro talvez não queira tomar.
Bolsonaro: Caixa baixou em até 40% juros do cheque especial
As mudanças nas regras de concessão de crédito imobiliário haviam sido pré-anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), na semana passada. Ele, que também participa da cerimônia de anúncio de redução dos juros, disse que a medida preparada pela Caixa Econômica Federal (CEF) “mudará a vida dos brasileiros” e deve estimular a geração de emprego no País. A intenção do Palácio do Planalto é oficializar amanhã uma redução de até 31,5% dos juros dos financiamentos imobiliários.
Nesta terça, Bolsonaro afirmou que os bancos terão de seguir o exemplo da Caixa Econômica Federal e reduzir os juros das suas linhas de crédito. Durante a cerimônia de lançamento de linhas de crédito imobiliário com atualização pelo IPCA, no Palácio do Planalto, o presidente lembrou que a Caixa reduziu, há poucas semanas, em até 40% os juros do cheque especial. "Com certeza, outros bancos vão ter de ir no mesmo caminho", disse. "Não vai ser uma imposição. Ou eles vão atrás, ou o número de clientes da Caixa vai aumentar e muito", acrescentou.
No último dia 31 de julho, a Caixa anunciou cortes nas taxas de juros de suas principais linhas de crédito, tanto para empresas como para pessoas físicas. Ainda anunciou na ocasião um novo pacote de serviços, chamado "Caixa Sim", com corte de até 40% nos juros. Com relação específica ao cheque especial, a redução para pessoas físicas na taxa cobrada pela Caixa foi de 26% e, para pessoas jurídicas, de 33%.