Contribuindo positivamente para o resultado do PIB nacional no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto da construção civil, que representa quase a metade do investimento no País, cresceu pelo segundo trimestre consecutivo em termos dessazonalizados. O resultado coloca em destaque um caminho de consolidação da retomada do segmento no País, mas que precisa ser constantemente pavimentado para não se transformar num pico sazonal, e se estender à toda a cadeia beneficiada pela construção civil.
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De acordo com os dados do IBGE, no comparativo entre o terceiro trimestre de 2019 e o segundo trimestre deste ano, a construção civil teve participação fundamental na aceleração do PIB da Indústria. Segundo grupo com maior alta, ficando atrás da agropecuária, mas à frente de serviços, a produção industrial teve crescimento de 0,8% e contou com uma contribuição de 1,3% vinda da construção.
“Este é o segundo trimestre que apresenta resultado positivo da construção e também da formação bruta de capital. Isso reflete que o setor está caminhando à frente e contribuindo com a economia do País, enquanto os investimentos públicos caíram”, avalia o vice-presidente de indústria imobiliária da CBIC e economista-chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci. A comemoração dele se justifica porque, após vinte trimestres consecutivos de queda, a construção conseguiu engatar dois trimestres seguidos de alta no comparativo ano a ano.
"A construção cresceu nesses dois trimestres, mas ainda está 30% abaixo do pico", afirma a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisadora, o nível máximo do valor adicionado da indústria da construção foi atingido no primeiro trimestre de 2014, mas se comparados os terceiros trimestre de 2019 e 2018, enquanto a indústria cresceu 1%, a construção avançou 4,4%, o que é considerado um ótimo resultado para o setor que vinha até então amargando índices negativos.
“Hoje conseguimos ter a manutenção dos juros baixos, temos uma nova modalidade na questão do IPCA sendo oferecida pela Caixa. O problema é ter junto a isso uma política de governo que dê estímulo maior ao mercado. Tem que ter uma perenidade da política, até porque ninguém vai se comprometer com um contrato pelos próximos 20 a 30 anos sem um programa de propósito na política habitacional”, ressalta o presidente do Sinduscon-PE, José Antonio Simón, que reconhece um retardo no Nordeste em relação à retomada mais celere da construção em outras regiões.
INVESTIMENTOS
O propósito na política habitacional é um pedido de garantia para que o setor privado continue a investir sem sustos, já que o governo não possui atualmente capacidade suficiente para isso. A Formação Bruta de Capital Fixo - que representa os investimentos correntes para capacidade de produção futura - avançou 2,9% no terceiro trimestre de 2019, seu oitavo resultado positivo após quatorze trimestres de recuo. O aumento foi puxado pela construção e pela produção de bens de capital.
Quando concretizados esses investimentos se transformam, no caso da construção, em novos empreendimentos e geração de empregos. Que já vêm dando sinais de melhora este ano. A construtora Tenório Simões está finalizando no município de Paulista uma obra com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 10 milhões. No mesmo município, está lançando um empreendimento de 256 unidades e VGV de R$ 45 milhões e expectativa de contratação de 220 novos trabalhadores.
“Para a gente, este ano está sendo bem melhor em termos de obras. O mercado está esperando que aconteçam mudanças no segmento imobiliário já no ano que vem, mas que isso venha com segurança e condições para que ano seja bem aquecido”, reforça o sócio-diretor da construtora, Rafael Simões, que atua com imóveis dentro do programa Minha Casa Minha Vida, variando entre R$ 145 a R$ 180 mil.
Já no segmento de médio e alto padrão, novos investimentos também estão sendo prospectados. A MaxPlural tem previsto quatro novos empreendimentos para o ano de 2020 (um VGV de R$ 70 milhões) No Litoral Sul do Estado, Zona Sul e área central do Recife, além de dois que já estão em construção em Boa Viagem e na praia de Serrambi, esse último com 19 funcionários no canteiro de obras, sendo pelo menos 70% deles moradores de Ipojuca.
“Eu estava correndo demais atrás de emprego. Lutei muito para encontrar. Um colega meu passou em frente à terraplenagem dessa obra e falou que a empresa estava para contratar. Deixei meu currículo e fui chamado. Antes eu estava só fazendo bico, e agora estou “fichado” (com carteira assinada)”, celebra o servente de obra Marcio Roberto da Silva, 23 anos.