Mercado Financeiro

Após subirem mais de 4%, ações da Petrobras viram e fecham em queda

Depois de terem subido mais de 4% no início do dia, os papéis da companhia fecharam em baixa de mais de 1% e ajudaram a empurrar o principal índice da Bolsa brasileira para baixo

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Publicado em 18/05/2015 às 19:00
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Depois de terem subido mais de 4% no início do dia, os papéis da companhia fecharam em baixa de mais de 1% e ajudaram a empurrar o principal índice da Bolsa brasileira para baixo - FOTO: Foto: Yasuyoshi/ AFP
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As ações da Petrobras chegaram a reagir positivamente, nesta segunda-feira (18), ao lucro melhor que o esperado no primeiro trimestre deste ano, mas cederam às avaliações de cautela com o nível de endividamento da estatal.

Depois de terem subido mais de 4% no início do dia, os papéis da companhia fecharam em baixa de mais de 1% e ajudaram a empurrar o principal índice da Bolsa brasileira para baixo. As ações de bancos e da mineradora Vale também contribuíram para a perda do Ibovespa.

O papel preferencial da Petrobras, sem direito a voto, recuou 1,99%, para R$ 13,78. Já o ordinário, com direito a voto, cedeu 2,72%, a R$ 14,64. Com isso, o Ibovespa registrou desvalorização de 1,82%, para 56.204 pontos. O volume financeiro foi de R$ 10,734 bilhões.

"Parte da instabilidade da Petrobras e dos demais papéis do índice sofreu influencia do vencimento de opções [quando termina o prazo de contratos que apostam no valor futuro das ações]", disse Roberto Indech, analista da corretora Rico. As ações da Petrobras foram as que mais movimentaram recursos no vencimento de opções, segundo a BM&FBovespa. Ao todo, a operação girou R$ 2,92 bilhões.

Nos três primeiros meses de 2015, a Petrobras registrou lucro de R$ 5,33 bilhões -acima da expectativa de cerca de R$ 2,5 bilhões. O balanço da estatal foi afetado principalmente por eventos não recorrentes, como a reversão de provisões no valor de R$ 1,295 bilhão referente a perdas do setor elétrico e também a venda de ativos.

A relação entre dívida líquida e geração de caixa, porém, continua sendo motivo de cautela, segundo as análises de bancos e corretoras. "É a principal tarefa da companhia nos próximos meses. Há expectativa por emissões de títulos e novas vendas de ativos. É preciso monitorar para saber se isso será suficiente para reduzir a relação entre dívida líquida e geração de caixa da empresa", afirmou Indech.

"A dívida líquida segue sendo um problema e não acreditamos que a companhia reporte bom resultado operacional, principalmente, na linha abastecimento, só e somente só, se elevar os preços de combustíveis novamente, pois os preços estão no mesmo patamar dos preços internacionais", escreveu o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.

Mario Mariante, analista da Planner Corretora, corrobora a análise de que, neste momento, o maior motivo de preocupação com a Petrobras é sua situação financeira. "A desvalorização do real, o aumento das taxas internas de juros e a queda dos preços do petróleo, além dos investimentos elevados, estão pressionando fortemente a dívida e os custos financeiros da empresa."

A equipe de análise da corretora Concórdia lembrou em relatório que a companhia apresentará nas próximas semanas seu programa de investimentos para o quinquênio.

"Esperamos sinalizações mais claras em relação às expectativas para produção e nível de desembolsos com os projetos, o que pode trazer maior clareza quanto ao horizonte no qual a empresa deverá conviver com níveis mais elevados de alavancagem", afirmaram os analistas Karina Freitas, Daniela Martins e Danilo de Julio. "Por ora, mesmo entendendo que o mercado pode reagir positivamente, no curto prazo, aos números divulgados, seguimos recomendando cautela com as ações."

O analista João Pedro Brügger, da Leme Investimentos, ressaltou que a queda das ações da Petrobras também pode refletir uma continuidade de um movimento técnico. "Correção à alta dos últimos dois meses", disse. "É preciso lembrar que os números ainda não refletem a nova gestão da empresa, após a troca de seus principais executivos", completou.

Também registraram queda as ações preferenciais da mineradora Vale. Os papéis caíram 4,55%, para R$ 16,98 cada um, após o preço do minério de ferro negociado no mercado à vista da China ter recuado mais de 3% nesta segunda, fechando abaixo de US$ 60 a tonelada. A economia chinesa é o principal destino das exportações da companhia brasileira.

Os bancos, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, fechou no vermelho. O Itaú perdeu 2,66%, para R$ 37,69, enquanto a ação preferencial do Bradesco recuou 2,45%, a R$ 31,49. O Banco do Brasil registrou baixa de 0,69%, para R$ 26,04. Segundo analistas, o segmento reflete negativamente a expectativa de que, com o ajuste fiscal, o governo eleve a alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de bancos de 15% para 17%.

DÓLAR EM ALTA

No mercado cambial, o dólar subiu nesta segunda-feira (18), com operadores cautelosos com as intervenções do Banco Central. O receio é que a recente baixa da moeda americana possa motivar a autoridade monetária brasileira a reduzir suas atuações, como fez no início deste mês.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve ganho de 0,83% sobre o real, cotado em R$ 3,012 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,70%, para R$ 3,019.

Nesta segunda (18), a autoridade monetária brasileira rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estão previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 392,6 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões. Nos meses anteriores, a rolagem estava sendo de 100% dos contratos.

Operadores afirmaram que o principal evento para o mercado cambial nesta semana será a divulgação da ata do Fomc (comitê de política monetária do banco central dos Estados Unidos), que pode dar pistas sobre o rumo dos juros naquele país.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias. A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima.

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