Porto Digital - 15 Anos

O parque tecnológico visto por dentro

Terceira matéria da série especial sobre os 15 anos do Porto Digital conta como funciona o Núcleo de Gestão que pilota o projeto

Renato Mota
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Renato Mota
Publicado em 24/11/2015 às 5:37
Foto: André Nery/JC Imagem
Terceira matéria da série especial sobre os 15 anos do Porto Digital conta como funciona o Núcleo de Gestão que pilota o projeto - FOTO: Foto: André Nery/JC Imagem
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Uma analogia comum para explicar como funciona um parque tecnológico é compará-lo à um shopping center. As empresas são como as lojas, que se reúnem num local físico comum e se beneficiam tanto da interação uma com as outras e dos serviços comuns que espaço pode prover. Todo mundo vai no shopping e faz compras lá, mas nunca para pra pensar em quem administra o lugar. Se o Porto Digital é um shopping, o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD) é o escritório da administração. 

“É a face menos visível do nosso trabalho”, explica o presidente do NGPD, Francisco Saboya. “A maior parte do público nos vê apenas como um bocado de empresas que ocupam imóveis históricos do Bairro do Recife. Mas para que isso funcione, é necessária uma gestão profissional, uma associação civil sem fins lucrativos que pilota esse projeto”, completa. A Organização Social (OS) do NGPD foi criada em dezembro de 2000, credenciada pelo governo do Estado e pela prefeitura do Recife para o ponto de articulação entre as empresas, entidades privadas de fomento, academia e a esfera pública.

Internamente, o NGPD é comandado por um Conselho de Administração – com 19 membros representantes de várias esferas, presidida por Silvio Meira – e uma diretoria executiva, formada pelo próprio Saboya e os diretores executivo, Leonardo Guimarães, e de inovação, Guilherme Calheiros. Abaixo deles, os superintendentes e gerentes do NGPD tocam uma série de projetos, alguns com mais visibilidade pública e outros mais voltados para dentro do parque tecnológico. 

Um exemplo deste segundo caso é o Programa de Qualificação de Empresas, que foi abordado, em parte, no início da série de reportagens do JC, através do trabalho das incubadoras e aceleradoras. “Ainda temos outros duas ações, mais novas, que foram incorporados este ano. O Mind the Bizz é realizado em parceria com o Sebrae e trabalha na estruturação de ideias de negócios. O objetivo é orientar jovens que possuem um bom projeto mas ainda estão ‘verdes’ para o mercado, de forma que depois de dez semanas eles possam empreender diretamente ou, quem sabe, entrar na incubação ou na aceleração”, conta Calheiros. Na outra ponta do mesmo programa está o Deep Dive, que a partir de 2016, levará alguns sócios das startups locais para conhecer o cenário de outros países. “Esse já é voltado para quem tem um produto formatado, que já vende. A primeira turma irá para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, mas nossa ideia é visitar outros países também”, completa o diretor de inovação.

Outros projetos que são mais visíveis ao público geral são, por exemplo, o sistema de transporte compartilhado do Porto Leve – que começou com bicicletas e agora já adotou carros elétricos, em caráter experimental – e o Armazém da Criatividade, inaugurado recentemente em Caruaru. “O Armazém é como um micro ambiente de suporte à inovação, com o objetivo de criar um hub para atrair e gerar novos negócios a partir da base de conhecimento que já existe na região. Levamos em consideração a vocação do arranjo produtivo local, que no caso de Caruaru é a confecção de roupas”, diz Calheiros.

Esse modelo de gestão adotado pelo Porto Digital tem dado tão certo ao longo dos últimos 15 anos, que uma agência de governança, cuja missão está associada ao planejamento estratégico do Recife, está sendo incubada dentro do parque tecnológico, em parceria com a Prefeitura. A Aries – Agência Recife para Inovação e Estratégia – pretende formatar um modelo de gestão baseado no trabalho do NGPD para, posteriormente, se separar da OS e ser em si uma organização social autossustentável. “Esse projeto marca momento institucional importante do Porto Digital”, conta Leonardo Guimarães, “uma vez que foi percebido que o parque tem uma atividade fim, voltada para Tecnologia da Informação ou Economia Criativa, mas também tem um viés de meio, com uma estrutura de competências que tem a capacidade de fazer tudo isso acontecer”. 

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