Imóveis

Sobra apartamento para alugar no Recife

Imóveis estão passando mais tempo para serem alugados. Proprietários têm de negociar preços menores

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 26/04/2014 às 7:05
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A euforia que tomou conta do preço dos aluguéis no Recife acabou. Em Boa Viagem, bairro onde o mercado imobiliário é o mais concorrido da cidade, os apartamentos de dois quartos, os mais procurados, começam a passar mais tempo fechados entre um inquilino e outro. Não é difícil achar unidades que estão há quatro meses na espera de alguém disposto a pagar pelo preço pedido. As placas de “Aluga-se” se multiplicam. Os porteiros dos edifícios, fonte primária de informação sobre os imóveis, já revelam que os donos estão mais dispostos a conversar sobre uma contraproposta menos vantajosa. Isso não quer dizer, no entanto, que morar de aluguel no bairro e cercanias esteja barato. Boa Viagem continua caro.

"Há poucos meses, os apartamentos vagos eram alugados por R$ 3,2 mil, incluindo IPTU e o condomínio de R$ 420. Hoje tem proprietário que já conversa por R$ 2,4 mil, no caso de apartamento sem móveis e por R$ 2,7 mil os equipados com cama, móveis televisão, as coisas básicas”, diz Grimauro Barbosa, supervisor do Edifício Morada Bela Vista, no Pina, condomínio instalado em frente ao RioMar Shopping. O prédio, entregue aos moradores há quatro anos, foi fortemente influenciado pela proximidade com o centro de compras. Durante a obra do mall, alguns proprietários conseguiram pegar até R$ 4 mil de aluguel, pagos por empresas prestadoras de serviço da obra ao lado. 

O shopping ainda faz brilhar os olhos dos proprietários. Alguns colocam o apartamento de três quartos (um reversível) de 75 metros quadrados por R$ 700 mil. “Não vende”, opina Barbosa. No total, sete apartamentos estão para alugar, alguns há mais de quatro meses. 

Boa Viagem, no entanto, é uma “máquina” de produzir edifícios residenciais. Nos mais novos, dezenas de proprietários investidores mantêm a oferta aquecida e com preços ainda elevados. No Edifício Golden Space, entregue há três meses, na Rua Padre Bernardino Pessoa, uma das regiões mais disputadas do bairro, o porteiro exibe um molho com duas dezenas de apartamentos ainda fechados. Ele conta que os proprietários querem alugá-los por R$ 3 mil. Os 115 apartamentos do endereço variam de 35 a 50 metros quadrados.

O mercado, no entanto, parece não estar a favor dos investidores. Os últimos números do Índice de Velocidade de Vendas (IVV), medido pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) mostra que o comprador arrefeceu o entusiasmo. Em março, o índice caiu para 9,3%, num recuo de 0,9% em relação a fevereiro e de 4,9 pontos percentuais em relação a março do ano passado, quando o IVV foi de 14,2%. O índice mostra quantos por cento dos apartamentos ofertados pelas construtoras foram vendidos. “O ano de 2014 é diferente. Temos a Copa, eleição e uma conjuntura econômica desfavorável, os juros estão aumentando e as pessoas estão mais receosas”, justifica Mariana Haack, analista da Fiepe. 

Quem garante uma renda alugando imóveis também admite que já viveu tempos melhores. “Estou com três apartamentos para alugar”, diz o engenheiro Luiz Felipe Medeiros, que gosta de investir em imóveis de dois quartos, os mais procurados do mercado. Segundo sua avaliação, o fim de obras importantes em Suape, como a da Petroquímica, diminuiu a demanda de empresas prestadoras de serviço por imóveis em Boa Viagem. “Hoje um apartamento sem mobília sai por R$ 2,2 mil”, afirma. 

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