Depois de dois anos de prejuízo, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) voltou a registrar um lucro de R$ 246,2 milhões no primeiro semestre deste ano. A estatal foi uma das mais atingidas pela MP 579, que se transformou na Lei 12.783, e obrigou as empresas que pertencem ao governo federal, incluindo a Chesf, a vender energia mais barata desde janeiro de 2012. No primeiro semestre de 2013, a Chesf registrou um prejuízo de R$ 265,1 milhões, totalizando um resultado negativo de R$ 466 milhões no ano passado.
“O resultado negativo registrado em 2013 ocorreu em função do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) que representou um gasto de R$ 630,8 milhões”, conta o superintendente de Execução Econômico-Financeira da Chesf, Denilson Veronese da Costa. Os recursos do PDV bancaram as indenizações, que estimularam a saída de 1.354 funcionários da empresa.
O PDV representou uma redução de 61,8% com o pagamento de salários e foi uma das medidas adotadas pela empresa para se adequar à queda da receita gerada pela Lei 12.783 (do governo federal), que tinha a finalidade de reduzir a conta de energia em 20% para os consumidores residenciais, o que não ocorreu.
A Lei 12.783 também obrigou a Chesf a vender quase a totalidade da sua energia para as distribuidoras. Antes disso, a estatal vendia uma parte da energia gerada no mercado de curto prazo, um mecanismo que permite a comercialização das “sobras de energia” que não tinham a venda garantida em contrato. Nesse tipo de comercialização, a estatal chegou a registrar vendas de R$ 700,8 milhões no primeiro semestre de 2013, valor que caiu para R$ 79,8 milhões nos seis primeiros meses de 2014.
Com a nova lei, quase a totalidade da energia da Chesf passou a ser vendida para as distribuidoras (por um preço menor). Tanto é assim que o balanço da estatal aponta que a empresa vendeu apenas 2,8% de energia a mais no primeiro semestre de 2014, embora a estatal tenha registrado uma queda de 19,8% na receita operacional bruta do primeiro semestre de 2014, comparando com o mesmo período de 2013.
Para se adequar à queda de receita, a Chesf fez uma redução de 37,8% dos custos e despesas operacionais no primeiro semestre deste ano.O que continuou no mesmo ritmo foram os investimentos. A Chesf investiu R$ 1 bilhão no primeiro semestre deste ano. Desse total, R$ 561 milhões foram empregados em empreendimentos próprios e R$ 437,3 milhões em projetos desenvolvidos com outras empresas. No primeiro semestre de 2013, a estatal investiu R$ 988,2 milhões, dos quais R$ 550,9 milhões foram em empreendimentos próprios e R$ 437,3 milhões em parcerias com companhias privadas.
“Esses investimentos vão fazer a Chesf ter mais receita no futuro. Neste semestre, já entraram em operações alguns empreendimentos novos que começaram a gerar receita. Agora, isso ainda não é significativo, mas vai fazer a diferença no futuro”, explica Denilson.
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A estatal vinha registrando lucros até 2012, quando teve resultado negativo de R$ 5,3 bilhões, provocado também pelo governo federal, via Lei 12.783, que deu uma indenização menor do que os ativos que a estatal tinha a receber da União. Esse indenização compensaria investimentos já realizados pela estatal. Como aceitou a indenização menor, a Chesf teve prorrogação das concessões de algumas das suas hidrelétricas.