Infraestrutura

Transposição atrasa em dois anos início do funcionamento

Um dia após visita de Dilma, para gravar imagens do guia, prazo muda para setembro de 2016

Giovanni Sandes
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Giovanni Sandes
Publicado em 27/08/2014 às 5:46
Cadu Gomes/ Dilma 13
Um dia após visita de Dilma, para gravar imagens do guia, prazo muda para setembro de 2016 - FOTO: Cadu Gomes/ Dilma 13
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Longe do guia eleitoral, técnicos do governo federal reconheceram um novo grande atraso na transposição do Rio São Francisco. Os primeiros 16 quilômetros da obra originalmente testariam o transporte da água do Velho Chico para o Sertão até setembro de 2011, prazo que havia sido adiado para este ano, até o mês que vem. Semana passada, contudo, um dia após a presidente Dilma Rousseff, em plena campanha, visitar a obra em Pernambuco e gravar imagens para o guia, o Ministério da Integração Nacional conseguiu o que havia pedido: o funcionamento da primeira etapa da obra foi adiado em dois anos, para até setembro de 2016.

A autorização foi da Agência Nacional de Águas (ANA). Não é o prazo do fim da obra, mas para ver a água correr só no primeiro trecho da transposição, o que o governo esperava primeiro em 2011 e depois este ano.

A obra, orçada em R$ 8,2 bilhões, tem dois longos canais. O Eixo Leste beneficiará Pernambuco e Paraíba e o Norte levará água para esses Estados, o Ceará e Rio Grande do Norte. O governo espera beneficiar 12 milhões de pessoas. A obra começou em 2007, na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, orçada em R$ 4,5 bilhões. O Eixo Leste deveria sair em 2010 e o Norte, em 2012.

Em 22 de setembro de 2005, a ANA, responsável por regular a tomada de água no rio, autorizou o projeto pela resolução 411, com prazos para cada etapa. A vazão regular dos canais será de 26,4 metros cúbicos por segundo. Estações de bombeamento vão elevar a água a centenas de metros de altura, para depois correr em gravidade por canais que cruzam o sertão.

 Nos últimos dias de governo, Lula fez seu último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Leste, pelos dados oficiais, estaria 70% executado e sairia em junho de 2011, a três meses do limite original de operação. O Norte, com 75% de realização, sairia em 31 de dezembro de 2012. A transposição, então desenhada com 622 km, já era orçada em R$ 5,8 bilhões.

No primeiro ano da gestão Dilma, as construtoras pediram aumentos astronômicos. O orçamento explodiu e a obra parou. A pedido do ministério, a ANA autorizou em 2011 um novo prazo para a operação: até setembro de 2014 – ou seja, mês que vem. O governo passou a anunciar uma “meta-piloto”: o teste dos primeiros 16 quilômetros do Eixo Leste, entre os reservatórios de Itaparica e Areias, em Floresta, Pernambuco.

Após vários adiamentos, no último balanço do PAC antes da campanha atual, em junho, técnicos do governo Dilma já haviam pedido novo adiamento da primeira fase de operação. A informação sobre a “meta-piloto” não consta no documento. A transposição, já com 469 km, ficou para dezembro de 2015.

Em plena campanha, quinta-feira passada, Dilma visitou exatamente as estações de bombeamento da “meta-piloto” em Floresta e gravou imagens para o guia. No dia seguinte, a ANA publicou no Diário Oficial da União: em atendimento ao ministério, adiou em dois anos o prazo para a primeira fase da transposição funcionar.

Procurado, o ministério informou que o projeto está 62,4% concluído, mas ignorou perguntas sobre o motivo de pedir mais dois anos para a água começar a correr na obra: “Em relação à resolução da ANA, esclarecemos que o prazo para início da operação venceria em setembro de 2014. Por isso, optou-se por renová-lo por mais dois anos: até setembro de 2016.”

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