Energia

Chesf, barrada em novo leilão, aumenta atrasos em obras

Estouro médio de cronograma subiu de 541 para 647 dias

Giovanni Sandes
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Giovanni Sandes
Publicado em 23/10/2014 às 6:21
NE10
Estouro médio de cronograma subiu de 541 para 647 dias - FOTO: NE10
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Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do governo federal, expôs uma piora no atraso médio das obras da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), estatal e maior empresa do Nordeste. Em abril passado, a Aneel barrou a Chesf em uma disputa bilionária por contratos para implantar linhas de transmissão. Os participantes não poderiam ter mais de 180 dias de atraso em obras do gênero e a companhia já havia estourado a entrega de projetos, em média, em 541 dias. Semana passada, a Chesf voltou a ser barrada com um atraso maior ainda, na média de 647 dias.

A decisão da Aneel, publicada na última sexta-feira, afeta outras companhias que deveriam ter deixado projetos prontos para operação até o último dia 30. Além do atraso máximo tolerado, de 180 dias, as empresas não poderiam ter recebido mais de três autos de infração. Confira o documento clicando aqui.

Pela nova média, é como se a Chesf tivesse acumulado, de abril a setembro, 106 dias de estouro de prazo, o equivalente a mais de três meses. Quando ela foi impedida de participar do leilão de abril, tinha 16 obras com autos de infração já transitados em julgado na Aneel – multas contra as quais não poderia mais recorrer. Desta vez foram 13 obras.

As linhas de transmissão servem para levar eletricidade por grandes distâncias, fazendo a conexão entre usinas e áreas urbanas, como o Grande Recife, por exemplo. Nas cidades, a energia chega a empresas e cidadãos por distribuidoras como a Celpe.

Novas linhas servem para dar mais segurança ao setor elétrico – o Brasil é todo conectado, com o Norte mandando energia para o Nordeste e o Sudeste, por exemplo.

Além de atrasar o reforço nas ligações entre diferentes regiões, quando as linhas atrasam chegam a deixar usinas que acabaram de ficar prontas sem entregar energia às cidades. Foi o que aconteceu com a Chesf, que deixou turbinas eólicas produzindo energia para ninguém.

Os problemas começaram em meio a uma forte turbulência financeira na estatal. Em 2012, o rombo foi de R$ 5,3 bilhões. Ano passado, o prejuízo ficou em R$ 466 milhões.

A origem dos rombos foi política. Para cumprir uma promessa da campanha de 2010, de reduzir as contas de luz em 20%, a presidente Dilma Rousseff determinou que as empresas de energia desistissem de parte do retorno de investimentos feitos anos atrás. Em troca, o governo anteciparia para elas novos contratos por prazos muito longos, de 30 anos.

As estatais comandadas pelo governo aceitaram a missão e engoliram prejuízos bilionários. A Chesf até incentivou demissões. Gastou R$ 630 milhões e reduziu seu quadro em 1.354 pessoas.

A companhia só voltou a dar lucro no primeiro semestre deste ano, quando fechou com R$ 246 milhões no azul.
A Chesf foi procurada sobre o motivo da piora na média de atrasos e sobre as obras, mas não deu retorno à reportagem.

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