No rastro da Petrobras, duas subsidiárias da estatal instaladas em Suape registraram prejuízos bilionários em 2014. A Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) e a Companhia Petroquímica de Pernambuco (Petroquímica Suape) apresentaram, respectivamente, prejuízo de R$ 2,6 bilhões - sendo 1132% maior do que o registrado em 2013 – e de R$ 1,2 bilhão (125% maior do que o resultado negativo do ano passado que foi de R$ 555 milhões). A Operação Lava Jato, – que revelou um esquema de propina milionário envolvendo os ex-diretores da Petrobras, políticos e empreiteiras –, é uma das responsáveis pela má performance de ambas. A Citepe contabilizou uma baixa de R$ 56,9 milhões devido à investigação e a Petroquímica, R$ 35,9 milhões. Mas não parou por aí. Os balanços mostram que cerca de R$ 3 bilhões deixaram de ser recuperáveis. Isso significa que eles não vão mais remunerar o investimento realizado. É como se esse valor tivesse deixado de existir. As duas empresas formam o Complexo Industrial Químico-Têxtil (PQS) que recebeu um investimento total de R$ 9 bilhões.
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Nos balanços, as empresas têm que contabilizar o Impairment, uma atualização do que foi investido e não será recuperado. O Impairment das duas companhias soma um total de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões da Citepe e R$ 677 milhões da Petroquímica Suape. “Esses R$ 3 bilhões podem incluir erros de projetos, valores gastos a mais do que os orçados, atraso nas obras, mudança do cenário econômico, a queda no preço do barril do petróleo, correção do preço dos equipamentos, entre outros. É um investimento que não será recuperado, explica o consultor da Finacap, Luís Fernando Araújo.
Segundo ele, a queda no barril de petróleo também trouxe impacto no balanço das duas empresas. “Elas compram e produzem produtos que são commodities ligadas ao petróleo. Um equipamento usado por uma fábrica dessa pode agora ser vendido mais barato. E essa correção tem que ser feita no Impairment para refletir a nova realidade econômica”, conta Luís. O preço do barril do petróleo tem caído desde meados de 2014.
“O patrimônio líquido da Celpe é de 1,6 bilhão. Foram quase duas Celpes no prejuízo de 2014. Metade disso será bancado pelo acionista da Petrobras. A outra vai sair do povo brasileiro e acaba afetando tudo, porque a Petrobras é a principal empresa do País”, resume Luís Fernando. A Citepe inclui as plantas que produzirão filamentos de poliéster, como a de POY,FDY, Chip Têxtil e DTY e a de texturização de fios. A montagem de uma parte das suas plantas foi interrompida em 2012 e a conclusão está prevista para 2018. Já a fábrica da Petroquímica Suape produz ácido tereftálico (PTA), matéria-prima da resina PET.