Consumo

Cesta de Natal fica mais modesta em 2015

Para driblar alta de preços e disparada do dólar, produtos importados são substituídos por nacionais

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 20/12/2015 às 8:44
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Para driblar alta de preços e disparada do dólar, produtos importados são substituídos por nacionais - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
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Não importa se o ano foi bom ou ruim para o bolso. Para muitas famílias, a ceia da noite de 24 de dezembro ainda precisa representar fartura. Segundo pesquisa da Fecomércio-PE, 62,4% dos pernambucanos mantêm a ideia de comemorar as festas de fim de ano e outros 7,8%, de celebrar apenas o Natal. Para não abrir mão do tradicional menu natalino e ainda começar 2016 sem dívidas, a saída de muitas pessoas tem sido substituir produtos: os importados pelos nacionais e as marcas tradicionais por outras mais populares. 

Os preços dos produtos da ceia deste ano variaram acima da inflação, ficando em média 16,21% maiores que no mesmo período do ano passado, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE). Alguns itens tradicionais tiveram uma alta ainda maior, a exemplo do bacalhau, 43,28%, e do vinho, 24,57% (veja a lista completa acima). 

“Dois fatores vão influenciar muito o consumo neste fim de ano: a alta do dólar e dos juros. Eles prejudicam especialmente os produtos importados, mais consumidos nesta época”, diz o economista da Fecomércio Rafael Ramos. Segundo a pesquisa da instituição, dos 20,6% de entrevistados que não irão comemorar o fim de ano, 26,6% disseram estar sem dinheiro e 14,9% usam os preços altos como justificativa para não celebrar.

Mesmo diante de um cenário que não estimula o consumo, o economista reconhece que o peso da simbologia do Natal acaba influenciando a decisão das famílias de não deixar de comprar. “Vemos que o nível das pessoas que vão deixar de comemorar não é tão grande. É uma data que envolve família, então o que acontece é um ajuste do orçamento”, analisa. 

Organizada, a família da aposentada Léo Ferreira, 84 anos, divide os custos e não deve sentir com tanta força o impacto dos preços mais altos. “Fazemos uma ceia com pouca gente e cada um leva um prato. Uma das irmãs organiza o menu e determina o que vamos levar. Então conseguimos fazer uma ceia só com coisas boas, mas sem pesar para ninguém”, explica. 

Quem vende sente a mudança no comportamento do consumo neste fim de ano. Na Casa dos Frios, por exemplo, a saída de cestas natalinas para empresas caiu muito. “Continuamos vendendo bem para pessoas físicas, mas a queda para pessoas jurídicas foi expressiva. Acabamos criando modelos mais baratos de cestas”, comenta a gestora da loja, Mirella Dias. O empório oferece opções que vão de R$ 83,70 a R$ 4.900. Até o ano passado, havia modelos de até R$ 12 mil. “Foi um ano difícil para os importados”, resume o gerente de bebidas da Casa dos Frios, Maurício Dias.

O consumidor também deve pesquisar mais marcas e lojas antes de comprar. Segundo uma pesquisa do Procon-PE realizada este mês com foco em produtos da ceia, itens como queijo do reino podem ter uma diferença de até R$ 40 dependendo da marca. Já na comparação com o ano passado, houve marcas cujos preços subiram mais de 30%.

Mas o cuidado para não gastar demais com a celebração deve começar antes de sair de casa, com uma lista com os produtos que serão necessários para a celebração. “Muitas vezes, com esse clima de fim de ano, as pessoas se sentem envolvidas, estimuladas a consumir sem nem perceberem”, alerta o consultor financeiro e professor de economia da Faculdade dos Guararapes, Roberto Ferreira. “Fazendo uma ceia só para a família, comedida, priorizando produtos nacionais, fazendo pesquisa e negociando preços é possível, sim, aproveitar a ceia”, garante. 

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