sonho canadense

Recifenses migram para o Canadá em busca de qualidade de vida

Perfil é de profissionais jovens e altamente qualificados com pretensão de formar famílias

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 21/02/2016 às 8:41
Foto: Ricardo Souza/ Acervo pessoal
Perfil é de profissionais jovens e altamente qualificados com pretensão de formar famílias - FOTO: Foto: Ricardo Souza/ Acervo pessoal
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Quase dez mil quilômetros e vários índices sociais separam a realidade na capital pernambucana do sonho canadense. A falta de perspectivas e de qualidade de vida estão levando muitas famílias do Recife ao extremo norte da América. Segundo o Departamento de Imigração e Cidadania do Canadá, o número de vistos permanentes dados a brasileiros cresceu de 969, em 2005, para 1.915, em 2014. O Itamaraty estima que, em 2014, já se somavam 40 mil brasileiros vivendo no país. Grande parte dessas pessoas são profissionais altamente qualificados, que não buscam apenas emprego, mas qualidade de vida. É exatamente esse o perfil que o governo do Canadá tenta atrair.

“Iniciamos o cursinho de francês em janeiro 2013, pensando em fazer o processo convencional que levaria de 2 a 3 anos. Mas em julho ficamos sabendo que as empresas de informática daqui (do Canadá) vão ao Brasil fazer. Daí, Hugo se inscreveu e foi selecionado”, conta a pernambucana Priscila Heimann, 26 anos, que vive em Ville de Québec (sudeste do país) desde maio de 2014 com o marido, Hugo de Lima, 27. Hoje o casal já está estabelecido, uma filha de três meses, Cécile, e nem pensa em voltar. “O que nos motivou? Principalmente segurança e tranquilidade”, diz.

Esse é o atrativo para famílias (principalmente jovens) que vivem em boas condições no Brasil decidirem ir morar no Canadá. “A maior parte das pessoas que nos procuram são profissionais extremamente qualificados, de todas as áreas. Bons profissionais estão deixando o País à procura de qualidade de vida, independente da área em que vão atuar”, afirma o diretor executivo do Centro Brasil Canadá, José Lopes Filho. 

Segundo ele, a procura de pernambucanos por cursos de línguas (inglês ou francês) focados na imigração vem aumentando consideravelmente desde 2010. O idioma é fator determinante para a liberação do visto de residência pelo governo canadense, independente do meio de ingresso que o brasileiro solicitar. 

No Canadá, o tempo para a conclusão do processo de imigração varia de acordo com o tipo de acesso que for solicitado: a residência permanente de forma direta ou a liberação temporária de trabalho, que pode ser convertida em visto permanente. De forma geral, do início da seleção até a sua aprovação pode levar cerca de dois anos. Já o investimento pode passar dos 20 mil dólares canadenses (ou cerca de R$ 58 mil), incluindo os custos com a tradução de documentos, testes de idioma e valor mínimo em conta que é preciso comprovar.

“O que nos atrai é a qualidade de vida que o país oferece. Além disso, eles são abertos para imigrantes, ou seja, você não precisa abrir mão da sua profissão para poder conseguir um trabalho”, afirma a engenheira Rita – que prefere usar o nome fictício por medo que seu desejo de imigrar possa prejudicar sua posição na empresa em que trabalha com o marido. O jovem casal está no início do processo de imigração, mas, assim como Priscila e Hugo, são movidos pelo desejo de levar um estilo de vida pacato e bem diferente do que têm no Brasil.

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Quebec aposta nos imigrantes

Apesar de o processo ser feito através do governo do Canadá, cada uma das 11 províncias tem suas próprias políticas atração de estrangeiros. “A sociedade está envelhecendo rapidamente e não está havendo uma reposição contínua e natural da população produtiva”, explica a assessora de prospecção e promoção do Ministério de Imigração de Quebec, Perla Haro Ruiz. De idioma francês, a província tem um dos programas de incentivo à imigração mais ativos e, em breve, irá iniciar seu cronograma de palestras pelo Brasil voltadas para potenciais imigrantes. 

Segundo Perla, a província necessita atualmente de profissionais nas áreas de TI, administração e finanças, engenharias (civil, mecânica e elétrica) e engenharia aeroespacial. “Os profissionais brasileiros têm facilidade para aprender o idioma, facilidade na integração e sabem enfrentar desafios”, resume a assessora sobre o interesse especial de Quebec no Brasil. A província chega a fazer dois processos seletivos de imigrantes por ano para brasileiros e mantém um site exclusivo de incentivo à imigração.

A taxa de natalidade média em 2012 no Canadá – que já possui uma população pequena – era de cerca de 1,6 filho por mulher. Para se ter uma ideia do problema populacional enfrentado por todo o Canadá, basta perceber que Quebec - a maior província (1.542 mil quilômetros quadrados) do segundo maior país do mundo - conta com uma população menor que a de Pernambuco. Tanto para o governo canadense quanto para os das províncias é muito claro que sem força de trabalho não é possível manter o desenvolvimento.

“Quebec incentiva muito a multiculturalidade. Esse diferencial cria uma sociedade mais inovadora, culturalmente mais rica e mais competitiva no aspecto internacional”, defende Perla. Ela frisa, no entanto, que para ser aceito na região o estrangeiro precisa dominar bem a principal característica original da província: a língua francesa.

Apesar de o país possuir duas línguas oficiais e mais de 60% da sua população dominar os dois idiomas, o francês é considerado língua materna por apenas 22% dos canadenses. Para preservar essa identidade, quem deseja viver em Quebec precisa, antes mesmo de solicitar o visto de residência ao governo canadense, obter uma resposta positiva à solicitação do Certificado de Seleção do Québec (CSQ), emitido pela autoridade local.

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