Depois de atingir picos de R$ 16, o preço do feijão carioca está caindo a passos lentos. O consumidor ainda não sentiu o alívio na cesta básica, mas, segundo a Fundação Getúlio Vargas, está ocorrendo um processo de desaceleração no preço do produto. A pesquisa Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aponta que o aumento passou de 47,37%, na primeira semana deste mês, para 42,12%, na segunda semana. A expectativa é de que a situação melhore em agosto deste ano, quando a Bahia inicia a colheita. Porém, a regularização dos preços só deve ocorrer ano que vem, afirmam produtores.
Em alguns supermercados do Recife, os preços variam entre R$ 10,38 e R$ 16. No bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, é possível encontrar o produto por R$ 9,98. Para o consumidor, ainda está caro. “Percebi que está baixando lentamente. Antes, todas as marcas estavam com o preço igual, na faixa dos R$ 13 a R$ 16. Tenho pesquisado nos supermercados, mas ainda não vale a pena comprar o carioca”, diz o cozinheiro Jeferson Paixão, 33 anos.
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Uma das explicações para a leve melhora nos preços é o clima. No primeiro semestre, a seca nos principais Estados produtores – Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais – causou a queda da oferta. No início deste mês, novas safras entraram no mercado. Um reflexo disso é que o preço ao produtor caiu 30% nas últimas duas semanas. “O clima melhorou um pouco. A nossa grande expectativa é em relação a agosto. Se nenhum imprevisto acontecer, a safra da Bahia vai abastecer o Nordeste. O consumidor pode voltar a pagar entre R$ 8 e R$ 10”, explica o empresário Railson Benjamim, da Oasis Alimentos, grupo responsável pela marca Feijão Turquesa.
Outro fator que pesa sobre o valor é a suspensão da alíquota de importação, que permite ao Brasil importar mais vezes feijão preto dos Estados Unidos e China. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, a ampla oferta do feijão preto diminui a demanda pelo carioca, o que reflete no preço final ao consumidor. Porém, a situação só será regularizada em 2017. “Ainda não podemos mensurar o efeito da suspensão da alíquota, mas é positivo. Em agosto, o valor final deve cair mais. Porém, corremos risco de sofrer aumento no segundo semestre, porque plantamos menos em relação aos outros anos. Com a produção de janeiro a fevereiro, a oferta deve aumentar”, comenta.