Pecuária

Pecuaristas vão recorrer da decisão do Governo Federal sobre uso de leite em pó pelas indústrias

Ministério da Agricultura autorizou, no último dia 22 de julho, que indústrias e laticínios utilizem leite em pó para produzir seus produtos e compensar baixa produção de leite do Estado

JC Online
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Publicado em 29/07/2016 às 12:37
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Ministério da Agricultura autorizou, no último dia 22 de julho, que indústrias e laticínios utilizem leite em pó para produzir seus produtos e compensar baixa produção de leite do Estado - FOTO: Foto: Reprodução da internet
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Os criadores de gado em Pernambuco decidiram solicitar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a revogação da norma publicada no dia 22 de julho que autoriza indústrias de laticínio a utilizar o leite em pó de outras regiões para produzir a bebida nos tipos pasteurizado e UHT

A decisão foi tomada ontem, após uma reunião com produtores do Estado, em Pedra, no Agreste. De acordo com os fazendeiros, a medida do Ministério da Agricultura deve prejudicar ainda mais seus negócios, já castigados pela seca e pelo alto custo dos insumos, como milho e soja. Atualmente, o preço do litro do leite repassado para indústrias e laticínios varia entre R$ 1,20 e R$ 1,60, valor que pode cair mais com o incentivo ao produto em pó

De acordo com o presidente da Sociedade Nordestina de Criadores Emanuel Rocha, os fazendeiros estão bastante apreensivos com a medida do Ministério da Agricultura, que, de acordo com ele, não consultou os criadores de gado antes de tomar uma decisão. “Enquanto o preços da soja e do milho aumentaram em até 97% em um ano, o leite subiu apenas 40% no mesmo período, o que dificulta a manutenção dos negócios dos produtores e faz com que muitos precisem se desfazer do gado”, revela.

“Por isso, decidimos cobrar um reposicionamento do Governo Federal em relação à liberação de leite em pó para as indústrias fabricarem outros tipos de leite”, completa o presidente. O leite em pó vem das regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil, e também de países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia. 

INDÚSTRIA

Para as indústrias que abastecem os mercados locais com leite e produtos derivados, como queijos, doce de leite, coalhada, entre outros, a decisão do Governo Federal também não foi acertada. “O governo ficou preocupado com as chuvas escassas na região do Semiárido, que foram insuficientes para formar pastagem e alimentar o rebanho. Uma produção de 2,5 milhões de litros de leite diária caiu para 1,8 milhão, um cenário que realmente pode levar ao desabastecimento do mercado local e favorecer indústrias de outros Estados em detrimento da nossa”, comenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos derivados do Leite em Pernambuco (Sindileite-PE).

“Por outro lado, o produtor regional pode começar a ter prejuízos. Seria mais acertado autorizar o uso do leite em pó apenas para produção de derivados, levando em consideração até a qualidade do produto final”, pondera. 

Atualmente, o leite é um dos produtos que mais tem pesado no bolso do consumidor. No mês de junho, o preço da bebida subiu 10,16% no Recife, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Ambplo (IPCA), divulgado pelo IBGE. Na primeira quinzena deste mês, foram mais 4,6% de aumento. 

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