APROVEITAMENTO

Resíduos urbanos podem gerar energia para todo o setor público em PE

Estudo mostra que os órgãos públicos ainda poderiam economizar, diz estudo de consultoria

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 20/11/2016 às 9:01
Diego Nigro/JC Imagem
Estudo mostra que os órgãos públicos ainda poderiam economizar, diz estudo de consultoria - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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O resíduo urbano produzido no Estado poderia gerar energia suficiente para o consumo dos órgãos públicos de todas as prefeituras (em Pernambuco) e do governo estadual, segundo um estudo feito pela JB Consultoria. “Há muita riqueza no nosso lixo. Essa energia teria que ser produzida dentro das regras da geração distribuída, que permite ao consumidor compensar a quantidade de energia gerada na sua conta de luz. Isso também resolveria outro grande problema das cidades que deixariam de enterrar resíduos”, explica o consultor da JB, João Bosco de Almeida, que coleciona no seu currículo cargos como ex-presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e ex-secretário estadual de Recursos Hídricos na administração de Eduardo Campos (PSB).

O estudo da consultoria traz outro dado muito interessante: a transformação do resíduo urbano em energia faria as prefeituras e órgãos públicos economizarem recursos. A economia ocorreria porque hoje o setor público banca a conta de luz e paga também pelo serviço de coleta e enterro dos resíduos. Ambientalmente, seria muito mais correto produzir energia do que estar enterrando resíduos. 

Uma simulação feita pelo estudo mostra que a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) ao enviar 300 toneladas de lixo para o aterro sanitário paga cerca de 6 milhões de reais por ano. “Com esta quantidade de lixo, poderia ser instalada uma unidade de geração de energia a qual poderia produzir 40.000 megawatt-hora (MWh) por ano. Essa energia pode ser utilizada para a compensação dos consumos da conta de luz do próprio município, incluindo as escolas, os hospitais, a iluminação pública, entre outros”, afirma Bosco. E acrescenta: “Nos nossos cálculos, se isso fosse feito, a PCR economizaria cerca de R$ 18 milhões por ano com a compensação da energia gerada pelo lixo”.

Essa transformação do lixo em energia, ainda de acordo com Bosco, só é viável caso seja feito dentro das regras de geração distribuída na qual é permitida a instalação de usinas com uma capacidade instalada para gerar até cinco megawatts (MW). Para esse tamanho de usina, seriam necessárias 300 toneladas de resíduo sólido urbano por dia. 

O resíduo seria transformado em energia da mesma forma que é coletado. Ainda dentro da simulação feita no estudo, cada usina a ser instalada não poderia custar mais de R$ 70 milhões e o seu custo operacional não poderia ultrapassar R$ 6 milhões por ano. A JB fez uma parceria com uma companhia americana Kogenergy que detém uma tecnologia que pode instalar usinas dentro desses parâmetros. 

EMISSÕES

As emissões de gases feitas por essas usinas corresponderiam a 20% das realizadas pelos aterros sanitários. “As prefeituras de menor porte poderiam até fazer Parcerias Público-Privadas (PPP) para instalar essas usinas e dessa forma não bancariam o investimento”, conta Bosco. Numa PPP, uma empresa privada, geralmente, faz o investimento para posteriormente obter uma remuneração na operação do serviço. 

Para as PPPs ocorrerem tanto o município como o Estado têm que fazer leis especificas, mas tudo isso é possível se o Estado decidir ser mais eficiente na destinação do lixo. “O nosso lixo é um luxo”, conclui Bosco.

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