BIOMASSA

Casca do coco pode ser usada para gerar energia

Pesquisa mostra que a casca do vegetal tem o mesmo potencial

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 23/07/2017 às 8:01
Foto: Ricardo B. Labastier/ Acervo JC Imagem
Pesquisa mostra que a casca do vegetal tem o mesmo potencial - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/ Acervo JC Imagem
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A casca do coco verde que está indo para o lixo poderia ser aproveitada para gerar energia pois tem o mesmo potencial energético do bagaço da cana-de-açúcar, segundo uma das conclusões da tese de doutorado do professor do Centro Universitário Salesiano de Campinas (Unisal) Vadson Bastos do Carmo. Ele analisou a capacidade de geração de energia de sete tipos de biomassa e constatou que três têm uma performance parecida com a do bagaço da cana-de-açúcar: o capim elefante, o eucalipto e a casca do coco. O bagaço corresponde a 81% de toda a biomassa usada no País para produzir energia.

A parte do coco que o pesquisador classifica como de alto potencial energético é o mesocarpo, a parte dura da casca, similar a uma madeira. “O uso energético dessa biomassa evitaria que ela fosse parar nos aterros sanitários e lixões”, conta.
O pesquisador também aponta como vantagem o fato de que a casca do coco poderia ser usada com algumas pequenas adaptações pelas usinas que já usam o bagaço da cana-de-açúcar para gerar energia. “Isso faria as usinas terem mais biomassa durante o ano”, conta. Geralmente, as usinas só têm o bagaço da cana-de-açúcar durante os seis meses da moagem.

“O que dificulta a implantação dessa geração de energia com a casca do coco é a logística. O bagaço já está dentro da usina, enquanto o coco teria que ser implantado um ponto de recolhimento do produto para que o empresário recolhesse o resíduo em grande quantidade”, conta Vadson. O recolhimento em pequenas quantidades pode deixar mais caro o custo da geração de energia porque aumentaria os gastos com combustível.

PESQUISA

O estudo fez uma simulação com a quantidade de coco que circula pela Ceasa de Campinas (no interior de São Paulo), que usa uma térmica a diesel para produzir sua própria energia. A quantidade de coco vendida na Ceasa de Campinas – cerca de 10,6 mil toneladas por ano – seria suficiente para produzir energia usada por aquele centro no começo da manhã e final da tarde, quando o empreendimento aciona a termelétrica para economizar na conta de energia. “Isso substituiria todo o óleo diesel usado no local”, revela Vadson, acrescentando que seriam necessárias pequenas adaptações na térmica.

“A energia gerada com a casca do coco é limpa e não polui”, lembra Vadson. Ele afirma que para a casca do coco se transformar em energia é necessário uma política pública que estimule a geração com essa biomassa, facilitando o financiamento ou concedendo algum tipo de redução de impostos para estimular o investimento a ser feito.
O cultivo de coco ocorre em cerca de 260 mil hectares e são produzidos cerca de 2 bilhões de frutos por ano. [TEXTO]Cerca de 70% do coco cultivado no Brasil está no Nordeste.[/TEXTO]

“É interessante porque é uma biomassa a mais e pode proporcionar um aumento na geração de energia limpa”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha.

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