Presente na lista de empresas “privatizáveis” do Estado, a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) registrou lucro líquido de R$ 88,2 milhões em 2017, 24,3% a mais em relação ao ano anterior. O desempenho positivo reflete a expansão da oferta de serviços da companhia de capital misto, com aumento de 21% no número de clientes residenciais no Grande Recife e investimentos de ampliação da rede de gasoduto. O resultado, porém, vem acompanhado de ressalva técnica quanto ao período de amortização dos ativos.
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De acordo com a auditoria realizada pela KPMG, a Copergás não produziu uma revisão da análise da vida útil de seus ativos. Esse dado é importante para determinar o período de amortização – parcelamento das despesas com o investimento.
Atualmente o prazo determinado pela empresa é dez anos, já o contrato de concessão é de 50 anos. Com isso, a Copergás distribui o valor da despesa ao longo de uma década, quando poderia ter mais tempo para quitar. Como o prazo de pagamento é menor, o valor da parcela fica maior e diminui o lucro.
“A empresa teve desempenho muito bom em 2017. Como a receita líquida cresceu 6,1%, a Copergás melhorou a performance operacional e conseguiu ser mais eficiente. O aspecto negativo é a ressalva do auditor. As companhias de capital aberto não têm e não podem ter ressalva em seus balanços, por isso a companhia precisa obedecer a essa questão”, explica o sócio-diretor da JBG & Calado, José Emílio Calado.
Em nota enviada ao JC, a Copergás afirma que tem obrigação de cumprir as disposições do contrato de concessão que prevê amortização a taxa de 10% ao ano em uma década.
PRIVATIZAÇÃO
Companhia de capital misto, a Copergás tem seu controle dividido entre o Governo de Pernambuco (51% das ações), a Gaspetro – subsidiária da Petrobras – (24,5%) e a Mitsui – empresa privada japonesa – (24,5%). Os primeiros passos para desestatização foram dados em julho do ano passado, quando o BNDES lançou edital para a realização de estudo para definir o modelo da privatização.
Em 2017 a empresa aumentou o percentual de distribuição de dividendos entre os acionistas, que gira em torno de 80%. “A empresa está distribuindo lucros em percentuais considerados altos e a lucratividade dela está boa, em 9% da receita líquida”, analisa o diretor do Sindicato dos Contabilistas em Pernambuco (Sindicon-PE), Flávio Cesário.
EXPANSÃO
O balanço mostra que até o fim deste ano a empresa tem perspectiva de aumentar em quase 50% a quantidade de clientes residenciais e comerciais, acrescentando mais 17 mil consumidores à sua carteira. Atualmente a Copergás conta com mais de 30 mil consumidores residenciais, 370 comerciais e 91 indústrias. O segmento industrial consome o maior volume, que, no ano passado, chegou a 1 milhão m³/dia.
Entre este ano e 2022, a empresa prevê ultrapassar a maca de 71 mil usuários do gás natural e prevê investimento de R$ 227,89 milhões.