Infraestrutura

Arco Metropolitano e Miniarco não saíram do papel

Rodovias serviriam para atender ao crescimento do polo industrial da Zona da Mata Norte de Pernambuco

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 24/09/2018 às 9:05
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Rodovias serviriam para atender ao crescimento do polo industrial da Zona da Mata Norte de Pernambuco - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Da porta para dentro, a fábrica da Jeep em Pernambuco é modelo de eficiência: a planta mais moderna da Fiat Chysler Automobiles (FCA) no mundo. Da porta para fora, depara-se com o gargalo logístico dos transportes. Nos últimos anos, a Zona da Mata Norte foi alçada a um dos principais polos industriais do Estado, mas os investimentos em infraestrutura não acompanharam o ritmo de crescimento. Há exatamente dez anos, a região aguarda a implantação do Arco Metropolitano, uma via expressa com investimento de R$ 1 bilhão que ligaria o Norte ao Sul (de Paudalho até o Cabo de Santo Agostinho), permitindo conexão com o Complexo de Suape.

Como o Arco Metropolitano não saiu do papel, o governo de Pernambuco tentou viabilizar uma “versão pocket” do projeto, apelidada de Miniarco. A proposta era tentar atacar os pontos mais críticos do tráfego na região, com uma via alternativa entre Abreu e Lima e Igarassu. A rodovia teria 14,4 quilômetros de extensão e seria bancada com investimento de R$ 160 milhões da iniciativa privada e R$ 20 milhões de contrapartida do governo estadual em desapropriações.

Mas a alternativa também teve seus percalços e está paralisada. “Três consórcios se interessaram em realizar estudos de viabilidade do Miniarco para depois construir a via, mas apenas um deu prosseguimento. Em julho deste ano, alegando falta de recursos e dificuldade de captar financiamento, o consórcio cearense Assist-Comol suspendeu os estudos. Tudo agora é uma questão financeira e de definição do momento político para que as empresas concluam os trabalhos”, diz o gerente geral de projetos da Secretaria de Transportes de Pernambuco, Luiz Alberto de Araújo.

O anteprojeto do Arco Metropolitano realizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) aponta que o tráfego na região é de 48 mil veículos por dia, com taxa de crescimento estimada em 4,5% ao ano. O Arco e o Miniarco seriam alternativas para desafogar o trânsito em uma região que conta não só com o Polo Automotivo de Goiana, mas com a fábrica da Hemobrás e o Polo Vidreiro. Estudos de engenharia de tráfego mostram que uma via precisa ser duplicada quando tem movimento superior a 10 mil veículos por dia. Só a movimentação do Polo Automotivo já justifica a necessidade da obra viária. Em 2017, a montadora produziu 179 mil veículos. Desse total, 80 mil unidades (45%) foram exportadas pelo Complexo de Suape para o mercado latino-americano. Para chegar ao porto, os carros enfrentam um percurso de 55 quilômetros entre Goiana e Ipojuca, que parece ter o dobro da distância em função do trânsito engasgado.

UMA DÉCADA

O projeto do Arco Metropolitano foi idealizado em 2008 pelo governo Eduardo Campos, que pensava em viabilizar a obra por meio de PPP. Depois, durante a gestão Dilma Rousseff, o governo federal se arvorou a fazer o Arco com recurso próprio, mas não teve fôlego e tentou oferecer o projeto em concessão para a iniciativa privada. Em abril de 2015, foi realizado um chamamento público, mas não houve interessados. Além de o País já ter mergulhado na crise, o projeto também enfrentou entraves ambientais e de desapropriações de terras, deixando os investidores inseguros.

Procurado pelo JC, o Dnit se limitou a informar que o Arco está incluído no Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal para concessões rodoviárias, mas não disse se há previsão de quando entrará na lista de licitações. O Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também foram procurados, mas não responderam aos questionamentos da reportagem.

Com nova fase lançada em junho deste ano, o PIL projeta investimento de R$ 198,4 bilhões para portos, rodovias, ferrovias e aeroportos. Só as concessões rodoviárias somariam R$ 66,1 bilhões, mas não avançaram.

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