Após seis dias de chuva intensa no Vale do São Francisco, produtores de uva registraram prejuízo de R$ 7 milhões e a perda de 650 toneladas da fruta. Os números são do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), no Sertão de Pernambuco. A precipitação afeta, principalmente, produto que seria destinado ao consumo do mercado interno durante o Natal.
Ainda de acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais do município (SPR), a estimativa é de que 35% da produção de uva que estava pronta para colheita tenha sido comprometida com a chuva, que registrou uma média de 90 milímetros na zona rural.
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“Essa chuva teve prejuízo na uva que faltava colher. Nossa safra para exportação termina na primeira semana de dezembro, então, o produtor deixa uma uva para colher até o dia 25, que vai para o mercado interno. Pode haver aumento do preço, mas o mercado ainda está aguardando como o tempo vai se comportar, afinal, há outras regiões produtoras”, explica o gerente executivo do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, Flávio Diniz. Já em relação ao plantio de mangas, que também é forte no Vale do São Francisco, as chuvas retardam a floração.
O impacto foi maior sobre as uvas consideradas remanescentes, tipos plantados desde a década de 80 e 90, a exemplo da crimson e thompson, que possuem boa aceitação no mercado nacional. Foi o que aconteceu na Fazenda Ara Agrícola, que perdeu 40% do cultivo. “A maioria era da variedade crimson, um tipo de uva que não aguenta chuva, então elas apodreceram e nós estamos com uma perda aí de no mínimo R$ 50 mil”, disse. Na Ara Agrícola, apenas 20% do planejamento para esta semana foi executado.
NOVAS VARIEDADES
Hoje, os produtores apostam também em novas variedades introduzidas há cerca de sete anos no Vale, como a vitoria e a arra-15. Além de apresentarem maior resistência à chuva, podem ter maior produtividade, formatos e sabores exóticos. Esse produto é mais voltado para a exportação. “A tendência é que as remanescentes sejam substituídas por essas (novas variedades)”, explica Diniz. Ele ressalta, no entanto, que precipitações acima de 30 milímetros, como a que foi registrada nos últimos dias, tem alto potencial de destruição dos cachos de uva.
A agricultura de irrigação não depende das chuvas diretamente, mas sim do rio que alimenta o reservatório de Sobradinho. Desde o fim do mês de novembro, as fortes chuvas em Minas Gerais tiraram a barragem da situação de colapso, atingindo um nível de 22,7%. É o maior nível desde o início da seca, há cinco anos. Um dos efeitos disso foi o fim do dia do rio, que proibia a captação de água a cada quinze dias para atividades de irrigação, por exemplo. As prioridades eram abastecimento humano e matar a sede de animais.
Quando estiar, o produtor tem um longo caminho pela frente para recuperar o prejuízo. Será preciso reunir os trabalhadores, remover as uvas rachadas, colher e processar, para depois resfriar. Caso haja acúmulo de água no engaço (cacho sem uvas), a qualidade pode ser comprometida. Segundo Diniz, as vinícolas podem aproveitar parte do produto rachado para produção de vinho e vinagre, mas como a quantidade rachada é muito grande, não será possível absorver tudo.