PRIVATIZAÇÃO

A concessão em blocos do Aeroporto do Recife foi criticada por políticos e empresários

No entanto, o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Saggioro Glanzmann diz que a qualidade do serviço vai melhorar

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 15/03/2019 às 6:30
Foto: Edmar Mello/Acervo JC Imagem
No entanto, o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Saggioro Glanzmann diz que a qualidade do serviço vai melhorar - FOTO: Foto: Edmar Mello/Acervo JC Imagem
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A concessão em bloco com terminais que apresentam uma performance muito acanhada foi criticada por políticos e empresários do Estado. Os cinco aeroportos que fazem parte do conjunto com o do Recife tiveram movimentação de 5 milhões de passageiros em 2018. Dois deles (João Pessoa e Campina Grande) apresentaram prejuízo em 2017.

“O Aeroporto do Recife é o último grande a ser privatizado no Nordeste. Então, o governo federal decidiu acoplar outros terminais de porte menor na expectativa de que esses empreendimentos também tenham ganhos de escala. E isso é importante em logística”, resume o sócio-diretor da Consultoria Ceplan, o economista Jorge Jatobá. Na opinião dele, “esse osso” pode se transformar num benefício para o terminal recifense.

Já com relação aos investimentos previstos, o economista defende também que o atual terminal recifense é relativamente novo – foi inaugurado em 2004 – e não precisa de tanto investimento quanto o de Salvador e o de Fortaleza, que estão sendo “reconstruídos”. Os terminais baiano e cearense foram privatizados em 2017. Na época, tiveram investimentos estimados em R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.

A argumentação de que o terminal perderá competitividade pelo investimento estimado em R$ 865,2 milhões com a concessão é defendida por dirigentes como o presidente em exercício da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Alexandre Valença, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis (ABIH-PE), Artur Maroja.
O deputado federal Felipe Carreras (PSB) tentou barrar a concessão na Justiça. “Venho alertando contra a concessão do Aeroporto do Recife porque acredito que este leilão seja prejudicial ao nosso Estado. Não sou contra a privatização, sou contra o modelo em blocos. Isso, ao longo de 30 anos, vai fazer com que o Recife perca a liderança regional para seus dois principais concorrentes”, avaliou, referindo-se a Salvador e Fortaleza. Ele acredita também que o lucro do terminal recifense vai bancar o déficit dos outros terminais do bloco Nordeste.

DÉFICITS

Em 2017, o Aeroporto de João Pessoa apresentou um resultado de R$ 9,6 milhões negativos, e o de Campina Grande, R$ 4,7 milhões negativos. A performance dos aeroportos foi melhor do que em 2016, quando quatro terminais do grupo ficaram no vermelho: Aracaju (-R$ 4,8 milhões), João Pessoa (-R$ 16,7 milhões), Juazeiro (-R$ 326,8 mil) e Campina Grande (-R$ 6,4 milhões). “O Aeroporto do Recife terá três anos para apresentar o nível ótimo da Iata que será exigido também de Salvador e Fortaleza. Isso nos faz garantir que o nível do serviço não vai cair”, assegura o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Saggioro Glanzmann.

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