Indústria

Setor moveleiro de Pernambuco opta por madeira de reflorestamento

Em tempos de debate sobre desmatamento, a indústria de móveis do Estado garante que uso de madeira nativa corresponde a 4% do total

JC Online
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Publicado em 28/08/2019 às 7:05
Foto: acervo Empetur
Em tempos de debate sobre desmatamento, a indústria de móveis do Estado garante que uso de madeira nativa corresponde a 4% do total - FOTO: Foto: acervo Empetur
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Com o mundo discutindo o tema do desmatamento, um setor que usa madeira como matéria-prima entra naturalmente em foco: o moveleiro. Seja para montagem de mobiliário, seja na construção civil, a boa notícia é que no Estado apenas 4% da madeira usada não é de reflorestamento. A informação é do presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de Pernambuco, Vikentios Kakakis.

Segundo ele, o que acontece no Estado se repete em todo Nordeste, estando a indústria de móveis moderna a ponto de usar, em sua maioria, madeiras como Pinos e Eucalipto, ambas de reflorestamento. "Não se usa mais madeira nativa. Agora são as madeiras processadas, como o MDF. Aqueles que ainda usam são muito poucos, basicamente móveis rústicos. Ainda assim existe uma forte fiscalização e o preço é muito alto. Usar madeira nativa para tudo inviabilizaria preços competitivos", analisou.

Ainda de acordo com Vikentios Kakakis, a madeira nativa utilizada em Pernambuco é trazida do Pará, em geral, das espécies angelim e timborana. "Essas madeiras são usadas naqueles móveis tradicionais de Gravatá, por exemplo. Mas o polo moveleiro do Estado é muito amplo, com empresas no Grande Recife, Agreste e até mesmo no Sertão. Engloba cidades como Vitória, Pombos, Afogados da Ingazeira, Pesqueira e João Alfredo".

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) disse, em nota, que para móveis fabricados com madeira de origem nativa, "o empresário do setor deve possuir um pátio (local de armazenamento da madeira) cadastrado no Sistema DOF – Documento de Origem Florestal, feito através da página do IBAMA e liberado pela CPRH". O documento atesta a legalidade da cadeia produtiva, desde a sua origem até o beneficiamento, que é considerado o fim da cadeia produtiva.

Já para os consumidores interessados em conferir a procedência da madeira que será comprada, basta "solicitar ao fabricante os DOFs de compra da madeira, bem como as notas fiscais ou, ainda, caso tenha, o CNPJ da empresa". Outra opção, segundo a CPRH, seria ligar para a agência, por meio do telefone 3182-8823, e verificar a situação da empresa.

Setor moveleiro em Pernambuco

Embora o Sindicato da Indústria de Móveis de Pernambuco não tenha dados sobre a movimentação financeira gerada pelo setor, o economista Rafael Ramos, da Fecomércio, estima que haja uma injeção mensal de R$ 9 milhões na economia do Estado somente em salário. O número leva em consideração a renda média de quem trabalha no varejo com móveis, que é de R$ 1.330, multiplicado pelos 7 mil empregos formais. "É significativo até mesmo para a questão da arrecadação de imposto dos municípios e Estado, com a venda dos móveis e a movimentação do dinheiro gerado pelo setor", avaliou Rafael Ramos.

Quando considera a cadeia produtiva completa (desde a extração ao varejo), Vikentios Kakakis acredita que haja a geração de até 14 mil empregos no Estado. "A produção de Pernambuco caiu bastante nos últimos dois anos devido à crise. A movelaria que usa madeira, como cama box e móveis de chapa, tem vindo com preço muito competitivo do Sul do País. Mesmo assim, ainda existem cerca de 400 CNPJs vinculadas ao setor no Estado. O sindicato tem 60 associados", contou.

O economista Rafael Ramos explica a queda nas vendas do setor: "São bens que estão em ambientes familiares e empresariais, o que acaba segurando uma demanda para as vendas. Esse produto está muito ligado à questão do acesso a crédito, por ser bem durável, com valores médios um pouco mais altos, o que acaba fazendo com que se utilize o crédito em grande parte das transações", analisa.

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