REGIÕES PRIORITÁRIAS

Semiárido pernambucano recebe plano de ação do AgroNordeste

Projeto visa impulsionar o desenvolvimento econômico e social sustentável do meio rural

MARÍLIA BANHOLZER
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MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 04/10/2019 às 11:04
Foto: Ricardo Labastier / JC Imagem
Projeto visa impulsionar o desenvolvimento econômico e social sustentável do meio rural - FOTO: Foto: Ricardo Labastier / JC Imagem
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Duas regiões do Semiárido pernambucano estão entre as doze localidades que serão foco de ações concentradas do AgroNordeste, programa lançado esta semana pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Moxotó e Araripe, que são grandes produtores de leite de cabra (ovinocaprinocultura), mel (apicultura) e mandioca, receberão um plano de ação para impulsionar o desenvolvimento econômico e social sustentável do meio rural.

Ao todo, o AgroNordeste deverá atuar ostensivamente neste primeiro momento, nas 12 regiões prioritárias que beneficiam todos os estados nordestinos e parte de Minas Gerais. Nas localidades foram identificadas cadeias produtivas com potencial de crescimento, entre elas arroz, leite, mel, frutas, ovinos, crustáceos, caprinos, mandioca, feijão, tomate, cebola e cachaça.
Segundo o governo federal, o programa já está sendo implantado há cerca de dois meses com atividades experimentais. A partir do lançamento, o plano de trabalho está programado para o biênio 2019/2020, atendendo a 230 municípios e a população rural de 1,7 milhão de pessoas.

De acordo com o diretor técnico do AgroNordeste, Paulo Melo, as regiões prioritárias foram escolhidas de acordo com critérios como clima, solo, recursos naturais, situação agrária, agropecuária, de infraestrutura e socioeconômica. “Em breve as regiões serão ampliadas. Mas neste momento foram selecionadas cidades com população de até até 1% do total de habitantes do Estado. No caso de Pernambuco, menos de 90 mil pessoas. Além disso, elas têm que apresentar capacidade de continuar com o trabalho após a passagem do programa”, explicou Paulo Melo.

A proposta do AgroNordeste é incentivar o empreendedorismo de pequenos e médios produtores. Para isso serão intensificadas ações como acesso ao crédito, fortalecimento da agricultura familiar, reforço na assistência técnica e orientações sobre comercialização dos produtos. “O objetivo é mostrar para esses produtores que eles podem fazer seu produto sair daquela região, chegar em restaurantes de luxo, supermercados da capital ou em outros Estados. O Nordeste tem potencial e não precisa de programas de assistencialismo”, disse Melo.

Antes da grave seca, que começou em 2011 e se arrastou por cerca de sete anos castigando o semiárido nordestino, Pernambuco era o maior produtor de mel do País. O alimento era fortemente produzido no município do Araripina, no Sertão. Além disso, no Moxotó, cidades como Sertânia eram reconhecidas pela ampla produção de leite de cabra e seus derivados.

Na opinião do diretor de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Agronômico de Pernambuco, Gabriel Maciel, toda iniciativa que chegue para beneficiar o semiárido é bem-vinda. Segundo ele, toda a agricultura de sequeiro (que depende de chuva), como milho, feijão e mandioca, além da produção de leite, foram as principais afetadas pela longa estiagem e agora precisam de incentivo para voltar a crescer. “A seca começou em 2011 e no fim de 2012 uma pesquisa da FGV já mostrava um prejuízo da ordem de R$ 1,2 bilhão. Então, se a chuva ajudar nossa região, qualquer projeto será proveitoso e muito bem aceito”, disse Maciel.

DIFICULDADES

No entanto, o diretor de pesquisa do IPA ressalva que o AgroNordeste chega sem o apoio direto dos Estados e institutos de pesquisas locais. “O Estados não foram incluídos no planejamento. Tudo vem de Brasília, estipulado pela Embrapa. Então, só achamos estranho não termos sido ouvidos, já que os institutos locais são os principais auxiliares na questão de assistência técnica”, pontuou Gabriel Maciel.

Já para diretor técnico do AgroNordeste, Paulo Melo, incutir a ideia do empreendedorismo e do cooperativismo deve ser a parte mais complicada. “Os produtores precisam entender que não é um programa público de transferência de renda, ou compra de produção. Cada um tem que ser responsável e dono do seu destino. Mas tudo parte do voluntariado, ele tem que querer participar do programa”, resumiu Paulo Melo.

A meta do programa é incrementar a renda dos produtores entre 20% e 50% no médio prazo. Cada território terá pelo menos um município-polo, que será definido em função do melhor local para execução do projeto. No polo será implantado o Escritório Local de Operações (ELO), que reunirá representantes do Ministério da Agricultura e das entidades parceiras na execução do AgroNordeste.

São parceiros do programa órgãos vinculados ao MAPA e instituições como Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco do Brasil.

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