Construção naval

Estaleiro Atlântico Sul entra com pedido de recuperação judicial

Desde o junho do ano passado, quando realizou a última entrega, o Estaleiro Atlântico Sul suspendeu suas atividades, apesar de não admitir o encerramento das operações

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 30/01/2020 às 18:38
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Desde o junho do ano passado, quando realizou a última entrega, o Estaleiro Atlântico Sul suspendeu suas atividades, apesar de não admitir o encerramento das operações - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) protocolou na tarde desta quinta-feira (30), na 1ª Vara Cível da Comarca de Ipojuca, um pedido de recuperação judicial num valor de R$ 2,2 bilhões. A empresa é controlada pelos grupos Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.

Desde o junho do ano passado, quando realizou a última entrega, a empresa suspendeu suas atividades, apesar de não admitir o encerramento das operações. O EAS chegou a empregar mais de 6 mil trabalhadores e já no ano passado operava com menos de 200 funcionários.

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No pedido de recuperação que tem a assessoria jurídica do escritório E.Munhoz Advogados e RK Partners, a empresa informa que a sua dívida total passou de R$ 815 milhões em 2008 para R$ 2,3 bilhões em 2014 e atribui à crise econômica e, em particular, à crise do setor de construção naval a razão para se encontrar nesta situação atual.

"O Grupo EAS obteve financiamento de diversas instituições financeiras nacionais, como BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que impulsionaram não só a construção naval, mas também a melhoria da planta industrial do estaleiro e até mesmo o bem-estar dos empregados do Grupo EAS, por meio do financiamento de projetos imobiliários. Por essa razão,
entre 2008 e 2014, a dívida total do Grupo EAS passou de aproximadamente R$ 815 milhões para R$ 2,3 bilhões", diz o documento, salientando que até 2014 a empresa conseguia arcar com todos os seus compromissos.

"Até o final de 2014, todos os contratos do Grupo EAS vinham sendo cumpridos, e a administração da empresa estava focada em aumentar a produtividade e expandir a carteira de projetos. A partir daquele momento, porém, o Grupo EAS passaria a ser afetado pela crise econômica que assolou o País e, em particular, o setor de construção naval."

SETE BRASIL

A empresa lembra que com a falta de pagamentos da Sete Brasil, a partir daquele ano, a situação deu origem a um "quadro generalizado de descumprimento de obrigações que resultou na resolução dos contratos para a construção de sondas assinados com o Grupo EAS".

"O término desses contratos teve impacto financeiro significativo nas receitas futuras das Requerentes (EAS), da ordem de mais de US$ 4,6 bilhões. Esse impacto financeiro foi agravado pelo fato de que, no momento da suspensão dos serviços, o Grupo EAS já havia contratado com o BNDES financiamento destinado ao projeto, no valor de R$ 556,6 milhões, e mobilizado toda a sua cadeia de fornecedores e funcionários. Em outras palavras, o EAS perdeu a sua principal fonte de receitas e permaneceu obrigado perante a instituição financeira, os fornecedores e os seus funcionários."

Como vinha sendo pressionada a pagar seus débitos junto aos credores de menor porte,a EAS resolveu buscar proteção judicial. Em novembro passado um dos fornecedores conseguiram, na Justiça, o bloqueio de R$ 50 milhões, o equivalente a 1/3 do caixa da companhia.

A empresa terá 60 dias para apresentar seu plano de reestruturação a ser avaliado pelos credores em assembleia a partir do momento que o pedido de recuperação seja aceito pela Justiça.

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