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Dunga balança entre renovação e obsessão pelo ''futebol de resultados''

Competição continental está próxima, com estreia marcada para o dia 14 de junho, contra o Peru, em Temuco

Da AFP
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Publicado em 23/03/2015 às 10:33
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Competição continental está próxima, com estreia marcada para o dia 14 de junho, contra o Peru, em Temuco - FOTO: Foto: CBF
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Com a difícil missão de resgatar o orgulho da seleção brasileira, depois do desastre da última Copa do Mundo, o técnico Dunga precisa encontrar o equilíbrio certo entre a necessidade de renovação e obsessão por resultados, com a Copa América como primeiro grande teste.

A competição continental está próxima, com estreia marcada para o dia 14 de junho, contra o Peru, em Temuco, no sul do Chile, mas logo em seguida o Brasil terá que encarar outro desafio importante: o início das eliminatórias para o Mundial de 2018, na Rússia.

"A Copa América será importante, é um torneio oficial. No entanto, o nosso foco está nas eliminatórias. O nível cresceu e é uma competição longa. Teremos um caminho árduo pela frente", avisou o treinador em dezembro.

Dunga também precisa conciliar as metas da seleção principal com o sonho da conquista do ouro olímpico em casa nos Jogos do Rio-2016, o único título que ainda falta ao futebol do país. 

Por isso a CBF fez um planejamento para que a seleção olímpica, comandada por Alexandre Gallo, aproveite as datas reservadas pela Fifa para disputar amistosos nos mesmos períodos que a principal.

Foi assim que o jovem meia Felipe Anderson, de 21 anos, que está fazendo uma grande temporada na Lazio, recebeu a chance de mostrar serviço com a camisa verde e amarela, apesar de ter sido 'esquecido' na convocação de Dunga para os amistosos de quinta-feira e domingo contra França e Chile.

- Futebol-arte na berlinda -

O capitão do tetra chamou nove remanescentes da última Copa (Jefferson, Marcelo, Thiago Silva, David Luiz, Luiz Gustavo, Fernandinho, Willian, Oscar e Neymar), mostrando que ainda conta com atletas marcados pela humilhante goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha.

"Não pode mudar tudo a toda hora. Não pode colocar como terra arrasada. Temos jogadores de qualidade", comentou Dunga em agosto, quando foi apresentado oficialmente como o novo técnico da seleção brasileira, depois de uma primeira passagem de 2006 a 2010.

Em termos de resultados, o início da nova era Dunga foi satisfatório, com 100% de aproveitamento em seis partidas, com vitórias sobre Colômbia (1-0), Equador (1-0), Japão (4-0), Turquia (4-0) e Áustria (2-1) em amistosos, além do 2 a 0 sobre a arquirrival Argentina no inexpressivo 'Superclássico das Américas'.

No total foram 14 gols marcados e apenas um sofrido. Uma solidez defensiva que deve agradar um treinador alheio às críticas daqueles que o acusam de ignorar as virtudes do futebol arte, marca registrada do futebol brasileiro há muito tempo esquecida na seleção.

"A gente fala de futebol arte, mas o que é futebol arte? O goleiro fazer uma defesa, o zagueiro roubar uma bola é uma arte. Não vamos encontrar um Pelé toda hora. O Pelé é um mito. Um ídolo a gente não cria, um ídolo vai criando seu espaço com resultados todos os dias. Temos que aliar talento ao trabalho e humildade", ressaltou.

- Neymar, craque isolado -

O maior trunfo de Dunga, porém, foi justamente a iniciativa de dar mais responsabilidade ao único craque do país que ainda encanta a torcida com o 'futebol moleque', Neymar, que recebeu a faixa de capitão.

O atacante do Barcelona mostrou-se à altura e carregou a equipe nas costas, balançando as redes sete vezes em seis jogos e tornando-se aos 22 anos (hoje tem 23) o quinto maior artilheiro da seleção, com 42 gols marcados, deixando para trás ídolos como Bebeto e Jairzinho.

"O rendimento dele não chega a ser ser surpresa. Os números estão aí para mostrar que, quando o Neymar botou a faixa de capitão, teve um upgrade. Quanto maior a responsabilidade, mais ele vai evoluir. Está fazendo história no futebol europeu", elogiou o treinador depois da convocação para os últimos amistosos antes da Copa América.

Mesmo assim, Dunga é lúcido sobre a carência de craques no panorama atual do futebol brasileiro.

"Antes, tínhamos jogadores que faziam gols na Europa e que eram referência, e hoje deixamos de ter essas figuras. Tínhamos nomes como Careca, Ronaldo, Rivaldo. Hoje, não tem um que se sobressai muito. Só Neymar. E isso incomoda o futebol brasileiro", reconheceu na semana passada, em entrevista ao programa Seleção Sportv.

Ainda há a esperança de revelar novos craques no futuro, mas o que se vê atualmente nas categorias de base não é nada animador. 

No mês passado, a seleção Sub-20 amargou o quarto lugar no Sul-Americano da categoria, mostrando um futebol de muita correria e pouca habilidade, fora alguns lampejos de Gérson, de apenas 17 anos, que estreou com sucesso recentemente pelo time profissional do Fluminense.

Muito pouco para almejar reconquistar o brilho de outrora, do tempo de outro Gérson, o canhotinha de ouro, um dos inúmeros craques da inesquecível seleção do tri de 1970. 

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