Com o apoio de todo um país, que encontrou no futebol um motivo de alegria em meio a tempos conturbados, a seleção francesa tentará conquistar neste domingo (10) sua terceira Eurocopa, na final contra Portugal, que busca o título inédito com Cristiano Ronaldo querendo fazer história.
Leia Também
"Sempre sonhei em conquistar um título com a seleção portuguesa e espero que nosso momento tenha chegado. Estamos a um passo. Sonhar não custa nada", afirmou o craque do Real Madrid, que há 12 anos amargou o vice-campeonato em casa, ao perder por 1 a 0 a decisão de 2004 para a Grécia, no estádio de Luz de Lisboa. Ele tinha 19 anos.
Então comandada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, a equipe lusitana não aproveitou o fator casa, coisa que a França conseguiu fazer muito bem nas últimas duas vezes que organizou grandes torneios.
Em 1984 a França conquistou sua primeira Euro graças ao talento de Michel Platini. Em 1998, a geração de Zinedine Zidane levou os 'Bleus' ao topo do mundo, antes de faturar o bi europeu dois anos depois, na Holanda.
Griezmann x CR7
Neste ano, a bola da vez é o atacante Antoine Griezmann, artilheiro isolado da competição, com seis gols em seis jogos, dois deles na semifinal contra a campeã mundial Alemanha (2-0).
Se fizer mais três na decisão, ele pode imitar Platini, que deu à França seu primeiro grande título internacional em casa ao balançar as redes nove vezes na Euro-1984, e é até hoje o maior artilheiro da história competição.
O ex-camisa 10 divide a marca com Cristiano Ronaldo, que precisou de quatro edições para alcançá-lo. Foram três na edição atual: dois contra a Hungria, no empate em 3 a 3 que salvou Portugal da eliminação na primeira fase, e outro na semi, quando decolou para abrir o placar de cabeça contra o País de Gales (2-0).
CR7 e Griezmann já decidiram uma competição continental neste ano, em maio, e o português levou a melhor, quando o Real derrotou o Atlético de Madri nos pênaltis em maio, na final da Liga dos Campeões.
Há quem considere a decisão deste domingo como um tira-teima para a atribuição da Bola de Ouro, mas dificilmente o troféu escapará do português, que já foi premiado três vezes (2008, 2013 e 2014).
"Tudo que quero é comemorar o título na final. Enquanto isso, prefiro manter os pés no chão", minimizou 'Grizi', de 25 anos.
Para a França, triunfar em casa virou questão de Estado. Até o presidente François Hollande, que tem um dos piores índices de aprovação da história do país, afirmou que a vitória "teria uma boa incidência" na moral dos franceses.
"Para um povo, uma conquista como esta representa o sentimento de que se pode ter êxito, tanto no esporte como na economia, na cultura, na política ou na diplomacia", afirmou o chefe de Estado em Varsóvia, onde participa da reunião de cúpula da Otan.
O clima estava tenso na França antes da Euro, com o temor de novos ataques depois dos atentados que castigaram Paris em janeiro e novembro do ano passado, além de greves que paralisaram o país para protestar contra uma reforma das leis trabalhistas.
Patinho feio
Os 'Bleus' também estavam tensos no início da competição, obtendo as duas primeiras vitórias nos últimos minutos e superando a Irlanda de virada nas oitavas, mas conseguiram se soltar e ganhar apoio incondicional da torcida com a vitória sobre a Alemanha, rival histórica que não vencia em torneios oficiais desde 1958.
Mesmo assim, o técnico Didier Deschamps prefere encarar o confronto com cautela.
"Não é porque estamos em casa e ganhamos da Alemanha que temos mais chances de ganhar que Portugal. Acreditamos em nós mesmos e tenho certeza que os portugueses também. A final está em aberto", resumiu o ex-capitão dos 'Bleus', que pode se tornar o primeiro a levantar o troféu como jogador titular e treinador.
O alemão Berti Vogts, técnico da 'Mannschaft' campeã continental em 1996, foi campeão da Euro como jogador em 1972, mas não jogou um minuto sequer em todo o torneio.
Já Portugal tentará quebrar um tabu, já que nunca derrotou a França em jogos oficiais. Foram três vitórias francesas, nas Euros de 1984 (3-2) e 2000 (1-0, com gol de ouro na prorrogação) e na Copa do Mundo de 2006 (1-0), todas em jogos muito disputados.
Além da 'freguesia', CR7 e companhia precisam vencer a fama de 'patinho feio' do torneio. Antes das semifinais, a equipe não ganhou um jogo sequer nos 90 minutos.
"Não importa ser o patinho feio, só quero chegar à final. Se me perguntam se prefiro ser bonito e perder ou ser feio e ganhar, prefiro ser feio. Uma final não se joga, se ganha", avisou.
Prováveis escalações:
França: Hugo Lloris (cap) - Bacary Sagna, Laurent Koscielny, Samuel Umtiti, Patrice Evra - Moussa Sissoko, Paul Pogba, Blaise Matuidi, Dimitri Payet, Antoine Griezmann - Olivier Giroud. FraT: Didier Deschamps
Portugal: Rui Patricio; Cedric Soares, Pepe, Jose Fonte, Raphael Guerreiro; Renato Sanches, William Carvalho o Danilo Pereira, Adrien Silva, João Mario; Cristiano Ronaldo (cap), Nani. T: Fernando Santos.
Árbitro: Mark Clattenburg (Inglaterra)