A violência vem vencendo de goleada o futebol. Infelizmente, nos últimos anos, é cada vez mais corriqueiro os confrontos de facções criminosas travestidas de Torcedores Uniformizados em Pernambuco. A cada episódio de barbárie social, mais a torcida de bem se afasta dos estádios, que estão cada vez mais vazios. Nesta terça (4), antes do jogo entre Sport x Retrô, na Ilha do Retiro, integrantes da Torcida Jovem, do Sport, e da Inferno Coral, do Santa Cruz, brigaram na estação Tancredo Neves do metrô. Ninguém foi detido.
Um dia antes, na segunda-feira (3), a bola não estava rolando nos gramados pernambucanos e, sim, nas ruas do Pátio da Santa Cruz, no bairro da Boa Vista, com crianças brincando com os seus pais, familiares e amigos, em comemoração do aniversário de 106 anos do Santa Cruz, quando foram surpreendidos por vândalos da principal torcida Organizada do Sport, que agrediram os tricolores e provocaram o pânico no Centro do Recife.
O torcedor Maurílio Marcelo, que estava no evento com o filho de três anos e o sobrinho de dez, relatou os minutos de medo que passou. “O meu filho estava no meu braço e eu corri com ele para dentro do restaurante. Caí e fui pisoteado, meu filho também, e o meu sobrinho correu para o lado errado. Acabou caindo e se ferindo. O meu sobrinho ficou traumatizado e não quer mais saber de futebol. Assistindo à televisão hoje (ontem), ele viu os vídeos e começou a chorar. Ficou lembrando. Uma ferida que vai demorar a sarar”, contou.
Procurado pela reportagem do JC, o procurador José Bispo afirmou que o Ministério Público vai requisitar um inquérito à Delegacia do Torcedor para apurar os fatos. “Pela natureza dos fatos é um crime encarado de forma grave. O fato acontecido não foi em dia de jogo e também não estava localizado próximo aos estádios dos clubes. O que o Ministério Público vai fazer é requisitar junto à Delegacia do Torcedor um inquérito para apurar os fatos. Se for provado que teve envolvimento de torcedores membros das uniformizadas vamos recorrer ao Estatuto do Torcedor e eles podem, inclusive, ser afastados dos estádios por até cinco anos. Mas é necessário que eles sejam identificados e estejam cadastrados em suas respectivas torcidas organizadas”.
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Em nota, a Polícia Militar garantiu que o evento estava sendo patrulhado, quando, juntamente com os participantes, foi surpreendida pela invasão de um grupo com cerca de 80 pessoas, supostamente integrantes de uma das chamadas “torcidas organizadas” do Sport. A ação da PM, no entanto, evitou que o pior acontecesse, dispersando os agressores. Dois deles ficaram machucados e acabaram detidos, mas foram liberados porque ninguém quis representar contra eles, descrevia parte da nota.
TORCIDA JOVEM
Por meio das redes sociais, a Torcida Jovem disse que não compactua com as agressões feitas na noite de segunda-feira. Segundo o texto, a Jovem pede que o seu nome não seja citado no caso. “Evitem mencionar a Torcida Jovem como autores do ataque na festa de comemoração ao aniversário do Santa Cruz, a nossa entidade não compactua com o acontecido na noite de hoje (ontem)”, postou a organizada no perfil do Twitter.