Se os verdadeiros astros do futebol de cinco para deficientes visuais são os jogadores, que superam as limitações para praticar o esporte, esse trabalho não seria possível sem outros personagens que têm papéis importantes. Por meio das indicações na quadra, os chamadores, treinadores e goleiros são essenciais para o desenrolar da partida. E por meio do silêncio, o público também é um fator-chave para o desenrolar do espetáculo.
“Somos os olhos do time dentro de quadra. É um papel muito importante”, diz o estudante de educação física Ivan Dantas, goleiro do Instituto Antônio Pessoa de Queiroz (IAPQ), de Pernambuco, equipe que ainda dá os primeiros passos no futebol de cinco. Durante o Regional, tiveram que encarar o fortíssimo Instituto de Cegos da Bahia (ICB) e perderam por 6x0. “Eles são muito rápidos. Quando você vê, o chute vem e a bola já passou. Não é fácil agarrar no futebol de cinco.”
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O chamador do time baiano, Ricardo Oliveira, tem uma experiência de mais de dez anos trabalhando com deficientes visuais, já que. Começou a trabalhar no Instituto em 2003 e viu o crescimento e amadurecimento de seus jogadores. “Eu tenho orgulho de estar hoje nessa equipe porque muitos desses eu vi menino. Antigamente a gente jogava com garrafa pet que enchia de pedrinha. Eu ia pro gol e eles iam pra linha. É um trabalho de confiança (ser chamador)”, afirma Ricardo, que participou do bicampeonato mundial e hexa brasileiro do ICB.
Pelo público, o futebol de cinco é visto (ou sentido) com apreço e curiosidade. “É impressionante como eles conseguem conduzir a bola desse jeito. Dar passes. Daí vem a importância de ficar em silêncio, pra eles poderem se concentrar melhor. Só na hora do gol mesmo é que dá pra aplaudir”, ressalta o comerciante Edvaldo Júnior, presente durante o Regional Nordeste, realizado na quadra do Colégio Aplicação da UFPE.
Já o deficiente visual Anderson Santos acompanhava as partidas próximo às placas de proteção. “Pelos sons, dá pra entender um pouco do que se passa. E dá pra sentir a emoção na hora do gol.”