O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta sexta-feira (23) que abriu investigação contra 28 atletas russos com suspeita de manipulação em suas amostras colhidas durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014, na Rússia. A investigação é a primeira grande resposta do COI ao relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, à pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), apresentado no dia 9 deste mês.
Leia Também
- Wada cobra mudanças na luta antidoping do Brasil
- Michael Phelps deixa programa antidoping e ratifica aposentadoria
- ''Uma ferida que ficará para sempre'', diz Etiene sobre caso de doping
- Isinbayeva no comando de órgão da agência antidoping russa
- Relatório McLaren: doping na Rússia envolveu 'mais de mil atletas'
De acordo com o COI, os 28 casos foram escolhidos entre as 95 amostras analisadas por McLaren. São amostras de atletas russos cedidos pelo próprio COI ao investigador. Segundo a entidade, há evidências de manipulação nestes casos. Os nomes dos atletas não foram revelados.
Estas amostras vão receber atenção especial na reanálise que está sendo promovida pelo COI no Laboratório Antidoping de Lausanne. Logo após a divulgação do relatório de McLaren, o Comitê Olímpico Internacional prometera refazer os testes de 254 amostras de urinas dos atletas russos colhidas nos Jogos de Sochi e na Olimpíada de Londres-2012.
No documento divulgado no dia 9, McLaren apontou que mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de doping entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma "conspiração em uma escala sem precedentes" entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo.
Jogos de Sochi
O caso mais grave aconteceu nos Jogos de Sochi, quando autoridades do próprio governo russo trocaram amostras de urina dos seus atletas para evitar casos de doping. McLaren afirmou ainda que o doping sistemático no esporte russo provocou a "maior fraude" esportiva durante a Olimpíada de Londres.
Como consequência do relatório, o COI passou a investigar os casos e o primeiro passo é reanalisar as amostras de urina dos atletas russos sob suspeita. A entidade, contudo, destaca que estes 28 casos não são necessariamente positivos. Ainda precisam passar pelo novo teste. Mas o próprio ato de manipulação da amostra, se comprovado, já configura infração das regras antidoping.
"Esta investigação é uma consequência imediata do relatório do professor McLaren. O COI vai além dos resultados deste documento ao determinar a reanálise de todas as amostras dos atletas russos que participaram dos Jogos de Inverno de Sochi, assim como de todos os que participaram dos Jogos de Londres-2012", afirmou o presidente do COI, Thomas Bach.
Bach lembrou que 27 esportistas russos já foram punidos pelo COI por conta de reanálises de amostras colhidas nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e Londres-2012. Os testes das amostras de Londres ainda estão em curso. O presidente da entidade revelou que também serão reavaliadas as amostras dos russos colhidas nos Jogos de Inverno de Vancouver, em 2010.
ESQUI - Em outra notícia negativa para o esporte russo divulgada nesta sexta, a Federação Internacional de Esqui anunciou que decidiu tirar da Rússia importante competição de cross-country que seria realizada em março, na cidade de Tyumen, na Sibéria. A entidade explicou que tomou a decisão por consequência das seguidas denúncias de doping no esporte russo.
"As descobertas do Relatório McLaren prejudicaram seriamente a integridade do esporte e estamos determinados a tomar as medidas necessárias para punir as infrações cometidas", disse o presidente da Federação Internacional, Gian Franco Kasper, que também é membro do conselho executivo do COI.