A supermodelo brasileira Gisele Buendchen, a modelo transgênero Lea T e sambistas estarão entre os destaques que vão apresentar o Brasil em seu esplendor multicolorido na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, na próxima sexta-feira (3).
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O Rio terá um trabalho duro para encantar o público após a edição bem humorada e surpreendente que inaugurou os Jogos de Londres-2012.
Desta vez, a cerimônia de abertura será mais modesta, já que o Brasil sofre com sua pior recessão em quase um século.
O cineasta Fernando Meirelles ("Cidade de Deus", "O Jardineiro Fiel"), um dos diretores da cerimônia, disse que o orçamento da cerimônia é uma fração do que foi gasto em Londres.
Mas os organizadores prometem, mesmo assim, encantar o público de mais de 70 mil pessoas aguardado no estádio do Maracanã e os cerca de três bilhões de telespectadores que deverão acompanhar a inauguração pela TV em todo o mundo.
Se Pequim-2008 esbanjou e Londres-2012 surpreendeu, Rio-2016 tentará capturar a assombrosa diversidade, o amor pela música e o talento para a diversão.
"Queremos dar a maior festa já vista neste país", disse a cenógrafa Daniela Thomas, que também assina a direção artística do evento.
História através da dança
O Rio é imbatível na organização de grandes festas ao ar livre, como o carnaval, e a música está no coração de tudo.
Juntamente com milhares de atletas que vão desfilar com as bandeiras de seus países, assim como um contingente de refugiados, centenas de integrantes de doze escolas de samba vão cantar e dançar.
Estão previstas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil, dois patrimônios da Música Popular Brasileira. Rappers e a estrela do funk, Anitta, darão um tempero mais contemporâneo à festa.
Vazamentos de um ensaio-geral realizado no domingo revelam um retrospecto encenado com algumas passagens da História do Brasil, incluindo a recriação do Oceano Atlântico cruzado pelos colonizadores portugueses, representações da escravidão, uma recriação do voo de Santos Dumont no 14 Bis e a fundação das cidades.
Segundo relatos, outro tema de peso na cerimônia, que começará às 20h00 e deverá durar cerca de quatro horas, será o aquecimento global e o papel crucial do Brasil como lar da maior parte da floresta amazônica.
Belezas
Uma das mais famosas brasileiras vivas - Gisele Buendchen, que se aposentou das passarelas em 2015 - e a pioneira modelo transgênero Lea T darão o toque de glamour à festa.
A participação de Gisele gerou polêmica esta semana, quando sua aparição no ensaio-geral parecia indicar a encenação de uma tentativa de assalto, seguida da chegada da polícia e do perdão do assaltante.
Respondendo a uma onda de protestos, os organizadores negaram veementemente ter representado um assalto.
Finalmente, Bundchen, que desfilará ao som da "Garota de Ipanema", fará sua aparição sã e salva. "Não haverá nenhum assalto", afirmou um porta-voz dos organizadores à AFP.
Lea T, uma mulher trans que saltou para o primeiro plano da indústria da moda, é considerada a primeira pessoa transgênero a ter papel de destaque em uma cerimônia de abertura de Olimpíadas.
Filha do ex-jogador de futebol brasileiro Toninho Cerezo, que jogou na seleção entre 1977 e 1985, Lea T contou à BBC que deseja encarnar a diversidade do Brasil.
"O Brasil é vasto e toda esta diversidade, de uma forma ou de outra, precisa ser representada em um evento como este", disse ela.
Tensões
Mas nem tudo será sorrisos e samba.
O Brasil atravessa uma profunda crise política. A presidente reeleita, Dilma Rousseff, está afastada e corre o risco de perder definitivamente o mandato, quando o Senado votar o impeachment assim que os Jogos terminarem.
Ela se recusou a participar da cerimônia de abertura, afirmando que não aceitaria ter "um papel secundário", enquanto seu ex-vice-presidente, Michel Temer - hoje, presidente interino - governa em seu lugar.
Temer deverá dizer algumas poucas palavras e declarar abertos os Jogos, mas mesmo assim corre o risco de ser vaiado por opositores em meio ao público.
"Estou totalmente preparado" para as vaias, afirmou.
Do lado de fora do estádio, a segurança será reforçada em caso de protestos de grupos que apoiam Dilma.
Entre as figuras ilustres, o presidente americano, Barack Obama, estará entre os muitos chefes de Estado ausentes no evento. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o número total de líderes mundiais presentes à cerimônia será o menor em 16 anos.
Surpresa!
Uma coisa que o ensaio não revelou foi o acendimento da pira olímpica.
A identidade do sortudo que levará a tocha - que completou um revezamento por 300 cidades - para acender a pira também é um mistério.
O grande favorito é Pelé, o rei do futebol.
No entanto, ele nunca disputou uma Olimpíada e a emissora de TV americana NBC, que detém os direitos exclusivos de transmissão para os Estados Unidos, sugere que os organizadores deveriam olhar para o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima.
Ele liderava a final da maratona nos Jogos de Atenas-2004, quando um espectador invadiu a área da corrida e o agarrou. O atleta acabou chegando em terceiro e ficando com a medalha de bronze. Após perdoar seu agressor, ele ganhou aplausos por sua humildade.
O porta-voz do comitê organizador dos Jogos Olímpicos, Mario Andrada, garante que serão muitas as surpresas da cerimônia na sexta-feira.
"Não mostramos uns 20 por cento", afirmou.